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O MONDO CANE DE MIKE PATTON (BS AS/STGO 2018)



Em meados de abril, após alguns anos de inatividade, foram anunciados shows
na Argentina e no Chile do Mondo Cane, um dos múltiplos projetos do
Mike Patton (Faith No More, Mr Bungle, Fantomas, Tomahawk, Lovage,
Dead Cross, etc), Esse projeto, que ele iniciou há pouco mais de 10 anos e conta até o momento com apenas um disco (lançado em 2010), é uma releitura de antigas canções italianas, onde a maioria delas foi parte de trilhas sonoras de filmes locais na década de 60, e pelas quais ele teria se interessado em um período em que morou na Itália.



Assim como em 2011, foram anunciados shows em Buenos Aires e Santiago,
cidades onde há um considerável público fã dos trabalhos do Patton.
O Brasil também fez parte da turnê em 2011, com um show no Rock in Rio
(elogiado pela crítica na época), mas aparentemente nenhum produtor local
se dispôs a investir na empreitada em 2018.
Ainda em comparação a 2011, foram agendados inicialmente um show em cada
cidade, mas foram acrescentadas apresentações extras apenas em Santiago.
Na passagem anterior pelos dois países houve uma apresentação extra em
cada cidade. Em 2018 coube aos chilenos a oportunidade de assistir três shows
em noites seguidas.


O show de Buenos Aires aconteceu no dia 06 de setembro no Teatro Gran Rex,
um belo e tradicional teatro localizado próximo ao Obelisco local, com casa
cheia e plateia bastante animada. O repertório não apresenta variações em
relação às apresentações anteriores, mas é visível a descontração do cantor
e dos músicos, o que certamente contribui para que o show evolua num
crescendo. Das músicas do repertório as minhas favoritas são, em ordem
de apresentação, “Ore D´Amore”, “L’urlo Negro”, “Storia d’Amore”. Em “Lontano,
Lontano” o cantor se emociona na interpretação chegando às lagrimas.
A plateia argentina, certamente pelo formato do local onde todos assistem
sentados, se comporta mais calmamente e curte bastante o espetáculo,
cujo setlist sofre uma pequena alteração em relação ao usual, encerrando
com a canção “Dio, come ti amo”. Uma pequena pausa e logo Patton está de
volta ao palco com uma versão voz e piano (conduzido pelo maestro argentino
Cheche Alara) de um tango de Astor Piazzolla “Vuelvo al Sur”, um agrado
ao público presente, conforme havia feito no segundo show de 2011.
Logo na sequencia todos os músicos retornam para mais duas canções.
Na primeira, “Una Sigaretta” o cantor pergunta se alguém na plateia teria um
cigarro, no que é prontamente atendido e interpreta a canção em meio a
algumas baforadas. Após, finalizando o show, “Sole Malatto”, música com
momentos em que os músicos e a plateia interagem com palmas para marcar
o ritmo. Finalmente ele agradece e apresenta todos os músicos e as cantoras
italianas que fazem backing vocals.


Já em Santiago, com três apresentações programadas para os dias 8, 9 e 10 de
setembro, pode-se dizer que por lá ele tem tratamento praticamente de um
local, por conta de tantas idas nos últimos anos para apresentar diversos
projetos diferentes, sempre com grande interesse do público. No dia 8 acabei
chegando apenas na hora da atração principal, aliás bem na hora, no pequeno teatro Coliseu, próximo ao Palácio La Moneda, quando eu e todos os presentes fomos surpreendidos com o anúncio do adiamento do show, pois tio Patton estava se sentindo mal e fora encaminhado ao atendimento médico. O show do dia 8 foi então remarcado para o dia 9 às 18hs, criando uma situação inusitada para mim, dose dupla de Mike Patton numa única noite.
Dia 9 era domingo e foi mais fácil chegar cedo para a primeira sessão da noite. Diferentemente do show em Buenos Aires, o pequeno teatro chileno teve público de pé. O pequeno palco fez com que houvessem ajustes na disposição dos músicos, mas nada que comprometesse a qualidade de suas performances. Patton ficou com pouco espaço para se apresentar, mas acredito que devido aos problemas da noite anterior ele não iria se importar em ficar mais sossegadO.

Eis que finalmente começa a noite, com o cantor bem-humorado mais uma vez e brincando com a plateia, além de se desculpar pelo adiamento da noite anterior. O roteiro seguiu normalmente e ele estava melhor do que eu imaginava, mas mesmo assim dava pra perceber que se poupava um pouco, afinal ia encarar no palco o dobro de tempo ao qual está acostumado.
 Ou seja, mais um bom show do Mondo Cane pra conta.
Ao término da primeira sessão o teatro foi esvaziado e já havia uma grande fila
na porta para o “segundo round”. Desta vez consegui assistir o bom show de
abertura, do chileno Alain Johannes, conhecido por várias colaborações com
Chris Cornell, Queens of the Stone Age e, em seu mais recente trabalho,
com o próprio Patton. Johannes empolgou seus compatriotas no velho estilo
banquinho e violão, esquentando a plateia para o último show da noite.



Com alguns minutos de atraso, o cantor e os músicos deviam estar descansando
, começa o show onde Patton entrou vestindo um poncho e um chapéu, fazendo
lembrar o personagem de Clint Eastwood em Três Homens e Um Conflito
provavelmente referência ao compositor de trilhas sonoras (e ídolo do Patton)
Ennio Morricone. Neste show o cantor parece ter se soltado mais e usou e
abusou de suas variações vocais, para a alegria de todos os presentes.
O setlist seguiu conforme previsto e, no bis, uma pequena canção extra,
uma versão voz e teclado (mais uma vez acompanhado pelo maestro Alara),
da música “Que he sacado con quererte”, da cantora chilena Violeta Parra,
conforme havia acontecido no segundo show de Santiago em 2011, mais um
agrado à receptiva plateia chilena. Finalmente ele apresenta os músicos e se
despede com uma “hasta mañana”. Mais uma vez saí contente com o show e
na esperança de que seja um até breve e não demore novamente 5 anos entre
os shows deste projeto.
Gracías Miguel!!

*COLABORAÇÃO DE EDUARDO FIGUEIREDO

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