Pular para o conteúdo principal

A AMIZADE QUE MUDOU UMA VIDA


Filmar biografias, não é fácil. Difícil, é achar o tom, não endeusar demais o(s) enfocado(s), não inventar muitas coisas, para não desandar – ainda que, toda cinebiografia, acrescente personagens fictícios, para ligar pontos. E, o principal: focar num recorte especifico, para não deixar o espectador perdido em citações.



   ‘Legalize já’, de Johnny Araujo, faz tudo isso, com segurança. Ele não pretende contar ‘a verdadeira história do Planet Hemp’ (sensacional banda carioca dos anos 90, que apareceu com uma boa mistura de rock e hip-hop e um discurso a favor da legalização da maconha). Mas, a amizade que fez tudo acontecer, entre o camelô Marcelo e o inquieto Luz Antonio, o Skunk (ótima caracterização de Ícaro Silva). Skunk, mudou a vida de Marcelo (que virou D2). Mas, infelizmente, não viveu o bastante para desfrutar da fama. Foi levado pela Aids.



  Embora o diretor (que também dirigiu clips para o PH) não demonstre neste o mesmo tour de force, do que em ‘O magnata’ (2007), baseado em roteiro do músico Chorão, do Charlie Brown Jr, ele evita clichês fáceis. E usa de bela fotografia em p-b/sépia, que capta bem a Lapa carioca e seus arredores, onde tudo aconteceu.

 Não é um filme musical (há pouca música nele). Mas de como a música (e a amizade) pode mudar vidas. Também não é um filme pro pot. A maconha faz parte do cenário, mas não é o mote, como o nome pode levar alguns a confundir com o assunto. Vá e veja. Sem preconceito.



*adendo pessoal: muito antes do Planet, Skunk foi um de meus amigos de point punk na lapa, ainda nos 80s. E, vizinho de bairro. Morávamos poucas quadras distantes, no Flamengo. E, toda sexta, estávamos la, em frente a estátua de Ghandi, na cinelandia, trocando ideias. Skunk era diferente dos demais, nao mais um punk radical, todo de preto. por isso, nos atraímos. pq eu tbm era assim. usávamos camisetas de bandas new wave (devo, b52s, stray cats), o que provocava alguns comentários preconceituosos. aos sábados, no quarto de empregada de seu pequeno apartamento no flamengo (onde morava com a mãe, bem diferente daquele estúdio mostrado no filme), ouvíamos fitas cassete. e, ele sempre tinha alguma ideia mirabolante para uma banda. foram tantas. felizmente, uma delas, acabou germinando. e deu muito certo. Skunk vive!  

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

DANCETERIA, UMA MODA FUGAZ

POR CONTA DO POST ANTERIOR (QUE ERA SÓ SOBRE CLUBES ALTERNATIVOS QUE MARCARAM A NOITE CARIOCA), ME PERGUNTARAM SOBRE OUTRAS CASAS, QUE, NA VERDADE, ERAM DE SHOWS, DANCETERIAS. ENTAO, VAMOS LÁ, RELEMBRA-LAS. ANTES: VALE NOTAR QUE O NOME 'DANCETERIA' FOI IMPORTADO DE UMA CASA QUE TINHA ESSE NOME EM NOVA YORK, NOS ANOS 80. ALGUEM TROUXE PRA CÁ (ACHO QUE COMEÇOU POR SP) E ACABOU VIRANDO SINONIMO DE UM TIPO DE LUGAR, QUE MISTURAVA PISTA DE DANÇA COM UMA ATRAÇÃO AO VIVO NO MEIO DA NOITE. METROPOLIS = A PRIMEIRA COM ESSAS CARACTERISTICAS NO RIO FOI A METROPOLIS, EM SAO CONRADO, QUE, ASSIM COMO O CUBATÃO, TBM ABRIU NA SEMANA/MES EM QUE ACONTECIA O PRIMEIRO ROCK IN RIO, JANEIRO DE 1985. COMO O NOME INDICA, SEU LOGOTIPO E SUA DECORAÇÃO IMITAVAM O ESTILO DO CLASSICO SCI-FI DE FRITZ LANG, INCLUSIVE COM PASSARELAS NO MEIO DELA, QUE REMETIAM ÀS PONTES MOSTRADAS NO FILME. SÓ QUE TUDO COM NEON, CLARO. A METROPOLIS FOI PALCO DE MUITOS SHOWS DE BANDAS QUE NAO FAZIAM O PERFIL DO CIRCO VOADOR, PQ

ROCKS TARDES DE DOMINGO...

  LÁ VAMOS NÓS PARA MAIS UM PASSEIO PELA MEMORY LANE, CUJO GATILHO FOI ATIVADO POR UMA MÚSICA. ESTAVA OUVINDO O ÁLBUM DE 40 ANOS DO KISS, QUANDO ROLOU 'DO YOU LOVE ME'. NA HORA, VIERAM MONTES DE LEMBRANÇAS QUE PASSEI AO SOM DESSA MUSICA (E TBM DE ROCKN ROLL ALL NITE) NOS BAILES DE ROCK QUE ROLAVAM AOS DOMINGOS NO CLUBE DE REGATAS GUANABARA, EM BOTAFOGO, COMANDADOS PELA EQUIPE META-SOM, DO DJ ANIBAL. DE 6 AS 10PM.   EU MAL DEVIA TER 12, 13 ANOS QUANDO COMECEI A FREQUENTAR O BAILE, O PRIMEIRO A QUE FUI, SOZINHO, SÓ COM AMIGOS. E, COMO DUROS QUE ÉRAMOS, GERALMENTE ENTRÁVAMOS DE PENETRA, PULANDO GRADES E MUROS EM VOLTA DO CLUBE. DEVO TER PAGADO APENAS MEIA DUZIA DE VZS, EM, SEI LÁ, DOIS ANOS. ERAM MEADOS DOS 70S. O ROCK MANDAVA. MAS A FESTA COMEÇAVA, INVARIAVELMENTE, COM 'DANCING QUEEN', DO ABBA, QUE ERA CONSIDERADA UMA BANDA ROCK, JA QUE AINDA NAO EXISTIA A DISCO MUSIC E O CONCEITO DE POP/ROCK ERA AMPLO.   E, COMO QUALQUER BAILE DE FUNK E SOUL DA ÉPOCA (QUE ROLAVAM DO OUTR

blue velvet

Os posts aqui surgem do nada, out of the blue, como em hiperlinks da internet. e nessa de relembrar coisas aleatoriamente, apareceu num dos sites de torrents que frequento um filme chamado "little girls blue". que foi o meu primeiro porno. e, como diz a frase daquele anuncio, a gente nunca esquece do primeiro. principalmente em se tratando disso, numa epoca em que tudo poraqui era proibido. entao, no começo dos 80´s, quando o país ainda era uma ditadura, tive contato com esse filme. Sabadão, fui na casa de um bro no jardim botanico fazer chill in pra noitada. o cara tinha um telao em casa e um aparelho de vhs gigantesco com retroprojeçao (soube mais tarde q o pai dele era diretor da grobo, dai os equipamentos, que, entao, eram de ponta total, o vcr caseiro ainda nao era uma realidade). la, ele tinha uma meia duzia de fitas, todas piratas, claro, entre as quais um show (sei la, acho q era woodstock), clipes da mtv, o famoso caligula e o little girls blue. como esse era mais cu