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O ASTRONAUTA DE MÁRMORE


Passado o verão nos EUA, começam a chegar os primeiros filmes, digamos, mais 'sérios' e que, de certa forma, tentam concorrer a indicações ao Oscar. Dois destes, já estão em cartaz aqui: a nova versão para 'Nasce uma estrela' (vide post anterior) e 'O primeiro homem' (first man), o novo de Damien Chazelle, que, ha dois anos, foi a sensação das premiações de cinema com 'La La land' (pelo qual ganhou Oscar de diretor). Deste, Chazelle trouxe de volta Ryan Gosling, que, segundo o diretor, foi a sua primeira e única opção para interpretar o astronauta Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na lua. Aliás, o filme, é baseado em livro de mesmo nome, em inglês.



Por isso, mais do que contar a história da corrida espacial (como o excelente 'Os eleitos/the right stuff', de Philip Kauffman, baseado em livro de Tom Wolfe, o fez muito bem), este, mostra um recorte da vida de Armstrong, que se aplicou para o cargo de astronauta, na NASA, e acabou sendo o primeiro ser humano a por os pés no satélite natural da Terra, em 1969, levado pela Apollo XI. O filme (não sei se o livro, tbm), parece dizer, que, o que motivou Armstrong a seguir este caminho, foi a morte precoce de uma filha. É por ela que ele persiste na árdua missão de se transformar num spaceman. É esse drama íntimo que conduz seus atos. Alem da presença de uma mulher firme, sua esposa Janet (Claire Foy, de 'The crown' e tbm a nova Lisbet Salander do cinema).



Contudo, apesar da produção esmerada (o diretor teve acesso a artefatos e objetos legítimos, emprestados pela agencia espacial norte-americana, dos módulos espaciais às roupas dos astronautas), o longo filme (cerca de duas horas e meia) é algo frio em seu âmago. Agradará mais a pessoas que gostem do assunto e sejam fãs da NASA (como eu), já que não tem muito mais a oferecer do que uma excelente reconstituição dos fatos -- a chegada de Armstrong a lua, talvez seja a maior representação do acontecido até hoje, em qualquer filme. Ou que gostem de uma história bem contada. Mesmo sendo um bocado patriota, ele evita de mostrar a bandeira americana desnecessariamente (o que causo até protestos por lá) e até inclui algumas cenas mostrando que os americanos não apoiaram totalmente as missões Apollo, porque, então, passavam por um momento histórico conturbado (Vietnã, movimento pelos direitos civis).


O resultado, e que 'First man' teve uma bilheteria de estreia aquém do esperado nos EUA (fez cerca de $16mi no primeiro fim de semana), ficando abaixo de dois filmes que já estavam em cartaz, 'Venom' e 'Nasce uma estrela'. Um pouco temerário, para um filme cujo orçamento ficou na casa dos $100mi. Mas, o diretor acha que ele caminhará lentamente, como o fez Armstrong na lua, até chegar ao seu público e a melhores resultados. Pelo menos, indicações ao Oscar, ele deverá ganhar, não apenas na parte técnica (e, deverá vir de Claire Foy, mais do que de Gosling, imagino). Recomendo vê-lo numa tela grande ou iMax, se possível. Ou (re)ver 'The right stuff', que conta parte desta história por um angulo diferente. E com um pouco mais de emoção.
 

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