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Borat2: a segunda vez é previsível

  Quatorze anos depois de ‘Borat: o segundo melhor repórter do glorioso país Cazaquistão viaja à América’ (“Borat: cultural learnings of America for make benefit of glorious nation of Kazakhstan’, 2006), uma das melhores comédias gonzo do cinema -- feita em tom documental, como se fosse verdade --, chega a (in)esperada sequência ‘Borat: subsequent movie film’ (título encurtado). Inesperada porque, o filme foi todo rodado em segredo, sem que ninguém soubesse que ele estava sendo feito. E só anunciado semanas antes de ser lançado, pelo serviço de streaming Amazon Prime Video.      E, foi feito em segredo porque, hoje em dia, quase todo mundo sabe/conhece quem é Borat (interpretado pelo humorista inglês Sacha Baron Cohen), criado para um dos segmentos do programa ‘Da Ali G show’ (um fake rapper feito por Cohen), exibido no HBO. Justamente pelo sucesso alcançado pelo primeiro filme (dirigido por Larry Charles, produtor de “Seinfeld” e roteirista de “Curb your enthusi...

TENET: AÇÃO EM REVERSO ***

  Tempo é o elemento que move, basicamente, a filmografia do inglês Christopher Nolan. É assim desde ‘Amnésia’ (‘Memento’, 2000), o filme que lhe deu projeção internacional. E a equação espaço/tempo (e realidades paralelas), permeia filmes do diretor, como ‘A origem’ (‘Inception’, 2010), ‘Interstellar’ (2014) e ‘Dunkirk’ (2017). Este último, apesar de ser um drama de guerra/histórico -- sem elementos sci-fi, como nos demais --, se passava em cinco momentos, simultaneamente (e, o ‘reloginho’ da trilha-sonora, servia como metrônomo da ação).     Agora, com ‘Tenet’ (cujo título em si, já é um palíndromo), ele estende mais essa percepção tempo/espaço/realidade paralela, numa trama que se move para a frente. Mas, em dado momento, passa a acontecer em paralelo, do fim para o começo. Inclusive, é na metade do filme que ele se inverte de vez. Com isso, temos cenas de ação originais. Como lutas, cujos golpes são dados em reverso. E perseguições automobilísticas também feitas ass...

DUAS MULHERES À FRENTE DE SEU TEMPO

Nos últimos anos, tornou-se comum abordar um determinado personagem histórico, a partir de sua juventude. Na maioria das vezes, é puro exercício de imaginação e estilo. Duas boas minisséries recentes, que fazem uso disso, são ‘Dickinson’ (AppleTV+) e ‘The Great’ (Hulu/StarzPlay). ‘The Great’ é uma produção divertida e ágil, que cobre os primeiros anos da jovem da Prússia (atual Polônia), que viria a ser conhecida como Catharina, a Grande, quando chegou à Rússia, prometida para desposar o imperador Pedro III, como era comum, então. Já 'Dickinson', é mais romântica.   Estrelado por Elle Fanning (que está muito bem no papel) e Nicholas Hoult (excelente como Pedro, espécie de playboy sem-noção), o drama satírico ‘ The Great’, a o longo de 10 episódios, narra de forma cômica — e com muitas liberdades históricas — a ascensão de Catharina, a Grande, ao trono da Rússia. E suas tentativas de passar a perna no marido para assumir a coroa e governar o país. Vale lembrar que...

DO TELÃO PARA A TELINHA

Hoje em dia, existem tantas plataformas para lançar material audiovisual que, às vezes, faltam ideias. Assim como no cinema, as sequencias e prequels servem para preencher as janelas, os serviços de streaming também precisam de material para encher seus catálogos. Por isso, filmes, tem virado séries.   É o que rolou com dois cult movies recentes: ‘Snowpiercer’ (‘Expresso do amanhã’, 2013), de Bong Joon-Ho (do aclamado e premiado ‘Parasita’); e ‘What we do in the shadows’ (‘O que fazemos nas sombras’, 2014), produção neozelandesa que revelou o diretor Taika Watiti (de ‘Thor: Ragnarok’) e Jemaine Clement (da dupla de músicos-humoristas Flight of The Conchords).    ‘Expresso do amanhã’ é um filme magnífico, que, por conta de problemas de distribuição, não foi bem lançado, e demorou a chegar a outros países (aqui, quase dois anos depois, e só nas salas ‘de arte’). Baseado em graphic novel francesa, ‘Le Transperceneige’), mostra um planeta Terra congelado (após u...

SPACE FORCE: A NOVA CORRIDA ESPACIAL É APENAS OK

   Uma das novas produções originais da Netflix é a série ‘Star Force’, que entra no serviço de streaming nesta sexta-feira, 29 de maio. Estrelada por Steve Carell (que é um dos co-criadores, junto com Greg Daniels), a série se passa numa base militar secreta, no Colorado (EUA), onde está sendo preparada uma nova missão lunar. No que será o primeiro passo em direção a Marte. Na verdade, a Força Espacial será um novo braço das Forças Armadas americanas. Aliás, por coincidência, os EUA acabaram de anunciar, na vida real, um projeto parecidíssimo com isso.    Apesar de Carell e Daniels terem sido também parceiros na versão americana da série inglesa ‘The office’ (criada originalmente por Ricky Gervais, de ‘After life’), Carell fez questão de dizer que ‘Space Force’ não é uma versão espacial de ‘The office’. E, não é mesmo. Tive acesso aos seis primeiros episódios, e posso garantir isso. Agora, seguimos os passos do ambicioso general Mark Naird (Carell), que ...

NUM CINEMA LONGE DE VC

    Por conta da pandemia, rolou uma tremenda   mudança no calendário de lançamento dos blockbusters do verão americano, muitos deles, programados com até dois anos de antecedência. Mas, e os filmes medianos? Com estes, está acontecendo aquilo que ocorria na época do VHS: estão indo direto pra vídeo.     Mas, como os tempos são outros, hoje em dia não há mais VHS, e o DVD/BD está quase em extinção, isso significa ir direto para o VOD (vídeo on demand).        Vários deles, já seguiram esse caminho. Como a última animação Disney/Pixar, ‘Dois irmãos: uma jornada fantástica’ (‘Onward’), que já está disponível no Brasil através do serviço de streaming Prime Vídeo, da Amazon, depois de carreira abreviada nos cinemas. Já ‘Trolls 2’ (‘Trolls World Tour’), nem chegou nas salas, já foi direto para o VOD, nos EUA. O que provocou certa revolta em exibidores americanos, que prometeram boicotar os próximos lançamentos da Universal quando ...

STANARD E A 'PAREDE VOODOO'

   Uma das bandas ‘oitentistas’ mais bacanas, que poucos tomaram conhecimento (jamais teve disco lançado oficialmente no Brasil), foi a americana Wall of Voodoo. Capitaneada pelo genial Stanard ‘Stan’ Ridgway (um dos letristas mais interessantes daquela geração) ela teve um breve momento de fama, quando estourou a música “Mexican Radio” (de seu segundo álbum, “Call of The West”), que teve boa rotação na MTV e vendeu muito. Mas, acabou sendo um caso de one hit wonder. E, Stan e a banda, voltaram para o undergroud rapidinho. Na verdade, depois disso, rolou um racha e, Stan, foi trilhar caminho solo, enquanto o que restou da banda tentou manter o curso.    Não conseguiram. Porque, a alma do Wall of Voodoo era Stan. Ele começou a banda (na verdade, era apenas ele, sua harmônica e um monte de traquitanas eletrônicas), no fim dos anos 70, como um projeto de seu estúdio Acme Soundtracks, criado especialmente para fazer trilhas sonoras para terceiros (f...