Pular para o conteúdo principal

TENET: AÇÃO EM REVERSO ***

 

Tempo é o elemento que move, basicamente, a filmografia do inglês Christopher Nolan. É assim desde ‘Amnésia’ (‘Memento’, 2000), o filme que lhe deu projeção internacional. E a equação espaço/tempo (e realidades paralelas), permeia filmes do diretor, como ‘A origem’ (‘Inception’, 2010), ‘Interstellar’ (2014) e ‘Dunkirk’ (2017). Este último, apesar de ser um drama de guerra/histórico -- sem elementos sci-fi, como nos demais --, se passava em cinco momentos, simultaneamente (e, o ‘reloginho’ da trilha-sonora, servia como metrônomo da ação).

 



 Agora, com ‘Tenet’ (cujo título em si, já é um palíndromo), ele estende mais essa percepção tempo/espaço/realidade paralela, numa trama que se move para a frente. Mas, em dado momento, passa a acontecer em paralelo, do fim para o começo. Inclusive, é na metade do filme que ele se inverte de vez. Com isso, temos cenas de ação originais. Como lutas, cujos golpes são dados em reverso. E perseguições automobilísticas também feitas assim. As mais fascinantes, desde as de ‘Matrix’ (1999).

   

Por isso, explicar a trama de ‘Tenet’ não é tarefa fácil. Ele se parece com um filme de espionagem, a princípio. Mas, depois vai tomando a forma de um sci-fi, que, por vezes, tem algo de ‘No limite do amanhã’ (‘Edge of tomorrow’, 2014), sem os efeitos especiais deste. Nolan sempre tenta ser o mais realista possível, evitando o CGI. No máximo, filma no formato iMax, para tornar tudo grandioso.

 


   A falha do filme é a escalação do elenco. Nenhum dos atores principais (exceto Robert Pattinson) é realmente carismático. Ou dão aos personagens a importância e peso que deveriam ter. O vilão, feito por Kenneth Branagh, chega a ser caricato (parece uma paródia de vilão Bond). E o protagonista (John David Washington) tem zero de empatia. Inclusive, sua quase relação (nunca fica claro qualé a deles) com uma personagem-chave Kat (Elizabeth Debicki), é muito forçada. Isso, é o pior em 'tenet'.

 

   Fora isso, quem mergulhar no engenhoso roteiro -- que acontece nos dois sentidos de tempo, ao mesmo tempo --, verá, pelo menos, um filme original. E, vai querer ver de novo, para tentar entender melhor o que acabou de ver. Sobretudo, a grandiosa batalha final. A plateia vai sair da sala com um grande WTF?! na cabeça hahaha.

 

TOM LEÃO

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

DANCETERIA, UMA MODA FUGAZ

POR CONTA DO POST ANTERIOR (QUE ERA SÓ SOBRE CLUBES ALTERNATIVOS QUE MARCARAM A NOITE CARIOCA), ME PERGUNTARAM SOBRE OUTRAS CASAS, QUE, NA VERDADE, ERAM DE SHOWS, DANCETERIAS. ENTAO, VAMOS LÁ, RELEMBRA-LAS. ANTES: VALE NOTAR QUE O NOME 'DANCETERIA' FOI IMPORTADO DE UMA CASA QUE TINHA ESSE NOME EM NOVA YORK, NOS ANOS 80. ALGUEM TROUXE PRA CÁ (ACHO QUE COMEÇOU POR SP) E ACABOU VIRANDO SINONIMO DE UM TIPO DE LUGAR, QUE MISTURAVA PISTA DE DANÇA COM UMA ATRAÇÃO AO VIVO NO MEIO DA NOITE. METROPOLIS = A PRIMEIRA COM ESSAS CARACTERISTICAS NO RIO FOI A METROPOLIS, EM SAO CONRADO, QUE, ASSIM COMO O CUBATÃO, TBM ABRIU NA SEMANA/MES EM QUE ACONTECIA O PRIMEIRO ROCK IN RIO, JANEIRO DE 1985. COMO O NOME INDICA, SEU LOGOTIPO E SUA DECORAÇÃO IMITAVAM O ESTILO DO CLASSICO SCI-FI DE FRITZ LANG, INCLUSIVE COM PASSARELAS NO MEIO DELA, QUE REMETIAM ÀS PONTES MOSTRADAS NO FILME. SÓ QUE TUDO COM NEON, CLARO. A METROPOLIS FOI PALCO DE MUITOS SHOWS DE BANDAS QUE NAO FAZIAM O PERFIL DO CIRCO VOADOR, PQ ...

BAYAAABAAA!

A TV ITALIANA LEMBRA A TV BRASILEIRA DOS ANOS 70, 80 UMA COISA MEIO SBT NOS PRIMÓRDIOS (TVS) OU TV CORCOVADO (PRE-CNT). É MUITO RUIM E SÓ PASSA COISAS ANTIGAS. O CURIOSO É QUE AS RADIOS LA SAO MAIS LEGAIS DO QUE AS DAQUI, MAIS VARIADAS (TEM ATE UMA VIRGIN RADIO, DE ROCK EM GERAL). MAS A TV LOCAL É DO ARCO DA VELHA. LOGO QUE CHEGO NUMA CIDADE DOU GERAL NO LINEUP DE AUDIO E VIDEO. EM ROMA, ACHEI UM CANAL DEDICADO AOS LANCES JAPAS, A NEKO TV, MAS QUE, CURIOSAMENTE, EXIBIA 'BIGFOOT & WILDBOY', SERIE TRASH DA DUPLA SID & MARTY KROFT (ELO PERDIDO), QUE ROLAVAQUI NO SBT. ATE AI, TUDO BEM. MESMO NAO SENDO JAPA, FAZIA SECULOS QUE NAO VIA AQUILO (AQUI, PÉ GRANDE E GAROTO SELVAGEM). ACONTECE QUE, PELOS PRÓXIMOS CINCO DIAS QUE PASSEI NA CIDADE, O CANAL SÓ EXIBIA O MESMÍSSIMO EPISÓDIO DA PARADA (AQUELE EM QUE APARECE UM SOSIA DO PÉ GRANDE), EM VARIOS HORARIOS! LIGAVA A TV PELA MANHÃ, TAVA LÁ. CHEGAVA DA RUA A NOITE, DE NOVO, A MESMA COISA. O GRITO DE GUERRA DO BIGFOOT, BAYAAABAA! A...

UM BELO FILME DE VINGANÇA!

  Nesta semana, chega aos cinemas brasileiros um concorrente do Oscar nas categorias principais: filme, atriz e direção, entre outras. “Bela Vingança” (“Promising Young Woman”), desde já um dos melhores e mais perturbadores filmes do ano.   Tanto o trabalho de atuação e entrega de Carey Mulligan (como a perturbada Cassandra), como a direção firme de Emerald Fennell (atriz de séries como ‘The Crown’ e ‘Killing Eve’, estreando na direção de longa, com muita competência), bem como toda a parte técnica do filme (além do bom roteiro, fotografia e som impecáveis) é irretocável. O resultado final é um dos mais formidáveis filmes de vingança já vistos. Carey Mulligan, como Cassie      Acompanhamos a tímida e frágil Cassandra, que apesar de já estar na casa dos 30 anos, ainda mora com os pais e não tem namorado (não que isso seja obrigatório, parece nos dizer a personagem, embora não os evite). E, mesmo tendo sido uma universitária com altas notas na cadeira que escolh...