Pular para o conteúdo principal

ANNA KARINA EST MORT


Morreu Anna Karina, a indiscutível musa da Nouvelle Vague francesa. Para Agnès Varda, ela foi o rosto, a cara, a face desta nova onda do cinema. E foi mesmo. Esteve em vários filmes de Godard; apareceu no essencial de Varda (‘Cleo de 5 as 7’, 1962), no polêmico ‘A religiosa’ (1966), de Jacques Rivette; no sensual ‘La ronde’ (1964), de Roger Vadim; e fez Sherazade, em ‘O Califa de Bagdá’ (1963). Depois, seguiu carreira como cantora (fez shows e gravou vários discos) e também produtora de cinema. Dirigiu um filme, 'Vivre ensemble', em 1973



   Karina nasceu dinamarquesa, em 22 de setembro de 1940, em Copenhagen, como Hanne Karen Blarke Bayer. E, antes de virar uma presença luminosa nas telas de cinema, chegou a paris, com 17 anos, para modelar, tendo vestido e desfilado para Chanel (que lhe deu o pseudônimo) e Pierre Cardin. Conheceu Godard, quando este a convidou para um pequeno papel em seu clássico ‘Acossado’ (1960). Karina, recusou, pois teria de aparecer nua. Contudo, a amizade entre ela e o diretor prosperou e, um ano depois, estavam casados.



   Daí em diante, Godard fez dela sua musa, e, por tabela, também da new wave. A imortalizou em oito filmes: ‘Uma mulher é uma mulher’ (‘Une femme est une femme’, 1961) ‘Viver a vida’ (‘Vivre sa vie’, 1962), , ‘O pequeno soldado’ (‘Le petit soldat’, 1963), ‘Bando a parte’ (‘Bande a part’, 1964) ‘O demônio das 11 horas’ (‘Pierrot le fou’, 1965), ‘Alphaville’ (1965), ‘Made in U.S.A.’, 1966), e ‘O amor através dos séculos’ (‘Le plus vieux métier du monde’, 1967), este último, um filme em episódios. Fez o do Godard, claro.



   Apesar de ter seguido carreira, após o ciclo Nouvelle Vague/Godard, tendo feito um musical com Serge Gainsbourg, ‘Anna’ (1967, o primeiro filme colorido da TV francesa) e alguns filmes em Hollywood (nada digno de nota. mas, chegou a morar em Los Angeles um tempo), Anna Karina será sempre lembrada por seus momentos luminosos nos filmes de Godard. Está arrebatadora em ‘Vivre sa vie’ (parece fazer amor com a câmera, Jean-Luc estava apaixonado), imortalizada com a dancinha de ‘A bande apart’ (copiada até num clip do grupo japonês Pizzicato Five) e linda como a alien Natacha von Braun, em ‘Alphaville’, uma aventura de Lemmy Caution.



   Por acaso, recentemente, fiz um mini ciclo Anna Karina com os lançamentos em blu-ray de alguns de seus filmes (Viver a vida, Alphaville, Bande apart) e fui enfeitiçado perla dinamarquesa . As estrelas de cinema jamais apagam. E, o luminoso rosto de Anna Karina (levada pelo câncer) ficará, para sempre, em nossas retinas...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

DANCETERIA, UMA MODA FUGAZ

POR CONTA DO POST ANTERIOR (QUE ERA SÓ SOBRE CLUBES ALTERNATIVOS QUE MARCARAM A NOITE CARIOCA), ME PERGUNTARAM SOBRE OUTRAS CASAS, QUE, NA VERDADE, ERAM DE SHOWS, DANCETERIAS. ENTAO, VAMOS LÁ, RELEMBRA-LAS. ANTES: VALE NOTAR QUE O NOME 'DANCETERIA' FOI IMPORTADO DE UMA CASA QUE TINHA ESSE NOME EM NOVA YORK, NOS ANOS 80. ALGUEM TROUXE PRA CÁ (ACHO QUE COMEÇOU POR SP) E ACABOU VIRANDO SINONIMO DE UM TIPO DE LUGAR, QUE MISTURAVA PISTA DE DANÇA COM UMA ATRAÇÃO AO VIVO NO MEIO DA NOITE. METROPOLIS = A PRIMEIRA COM ESSAS CARACTERISTICAS NO RIO FOI A METROPOLIS, EM SAO CONRADO, QUE, ASSIM COMO O CUBATÃO, TBM ABRIU NA SEMANA/MES EM QUE ACONTECIA O PRIMEIRO ROCK IN RIO, JANEIRO DE 1985. COMO O NOME INDICA, SEU LOGOTIPO E SUA DECORAÇÃO IMITAVAM O ESTILO DO CLASSICO SCI-FI DE FRITZ LANG, INCLUSIVE COM PASSARELAS NO MEIO DELA, QUE REMETIAM ÀS PONTES MOSTRADAS NO FILME. SÓ QUE TUDO COM NEON, CLARO. A METROPOLIS FOI PALCO DE MUITOS SHOWS DE BANDAS QUE NAO FAZIAM O PERFIL DO CIRCO VOADOR, PQ ...

BAYAAABAAA!

A TV ITALIANA LEMBRA A TV BRASILEIRA DOS ANOS 70, 80 UMA COISA MEIO SBT NOS PRIMÓRDIOS (TVS) OU TV CORCOVADO (PRE-CNT). É MUITO RUIM E SÓ PASSA COISAS ANTIGAS. O CURIOSO É QUE AS RADIOS LA SAO MAIS LEGAIS DO QUE AS DAQUI, MAIS VARIADAS (TEM ATE UMA VIRGIN RADIO, DE ROCK EM GERAL). MAS A TV LOCAL É DO ARCO DA VELHA. LOGO QUE CHEGO NUMA CIDADE DOU GERAL NO LINEUP DE AUDIO E VIDEO. EM ROMA, ACHEI UM CANAL DEDICADO AOS LANCES JAPAS, A NEKO TV, MAS QUE, CURIOSAMENTE, EXIBIA 'BIGFOOT & WILDBOY', SERIE TRASH DA DUPLA SID & MARTY KROFT (ELO PERDIDO), QUE ROLAVAQUI NO SBT. ATE AI, TUDO BEM. MESMO NAO SENDO JAPA, FAZIA SECULOS QUE NAO VIA AQUILO (AQUI, PÉ GRANDE E GAROTO SELVAGEM). ACONTECE QUE, PELOS PRÓXIMOS CINCO DIAS QUE PASSEI NA CIDADE, O CANAL SÓ EXIBIA O MESMÍSSIMO EPISÓDIO DA PARADA (AQUELE EM QUE APARECE UM SOSIA DO PÉ GRANDE), EM VARIOS HORARIOS! LIGAVA A TV PELA MANHÃ, TAVA LÁ. CHEGAVA DA RUA A NOITE, DE NOVO, A MESMA COISA. O GRITO DE GUERRA DO BIGFOOT, BAYAAABAA! A...

UM BELO FILME DE VINGANÇA!

  Nesta semana, chega aos cinemas brasileiros um concorrente do Oscar nas categorias principais: filme, atriz e direção, entre outras. “Bela Vingança” (“Promising Young Woman”), desde já um dos melhores e mais perturbadores filmes do ano.   Tanto o trabalho de atuação e entrega de Carey Mulligan (como a perturbada Cassandra), como a direção firme de Emerald Fennell (atriz de séries como ‘The Crown’ e ‘Killing Eve’, estreando na direção de longa, com muita competência), bem como toda a parte técnica do filme (além do bom roteiro, fotografia e som impecáveis) é irretocável. O resultado final é um dos mais formidáveis filmes de vingança já vistos. Carey Mulligan, como Cassie      Acompanhamos a tímida e frágil Cassandra, que apesar de já estar na casa dos 30 anos, ainda mora com os pais e não tem namorado (não que isso seja obrigatório, parece nos dizer a personagem, embora não os evite). E, mesmo tendo sido uma universitária com altas notas na cadeira que escolh...