Depois de
sair vencedor do Festival de Veneza 2019, onde levou o Leão de Ouro de
melhor filme, ‘Coringa’ (‘Joker’) chega neste fim de semana aos cinemas dos EUA
e do Brasil, já envolto em polêmicas: a cidade americana de Aurora, no Colorado, não vai exibir o filme lá. Porque, foi num cinema local, onde um
maluco, vestido como o Curinga de Heath Ledger, de ‘Batman: the dark night’
(2012), de Christopher Nolan, abriu fogo contra a plateia. Por isso, nas premières
do filme, em Los Angeles e Nova York, foram permitidos apenas fotógrafos. Imprensa
escrita foi barrada, para evitar perguntas ao elenco.
O motivo? O personagem,
um psicopata anarquista, que visa promover o caos em Gotham City, nunca foi tão
forte, como no apresentado neste filme, que leva apenas o seu nome. Tudo,
graças a MAGNÍFICA interpretação de Joaquin Phoenix, que nem pode ser comparada
a de Ledger (que levou Oscar póstumo de ator pelo papel). É outra vibe. Joaquin, vem se 'preparando' para este papel em vários de seus filmes recentes, onde sempre faz
tipos à margem da sociedade e com características psicológicas questionáveis (como
em ‘Vício inerente’ e ‘O mestre’, ambos ótimos filmes de Paul Thomas Anderson).
Ele não apenas atua de maneira visceral e imersiva, como tem um excelente
trabalho corporal. E, o filme, é quase um estudo de como se molda esse tipo de
personalidade. A ponto de nos fazer sentir pena e até concordar com certos atos
dele.
É aí que
mora o perigo. O filme canaliza muito bem varias angustias e problemas dos dias
atuais, apesar de se passar numa Gotham City do final dos anos 1970, começo dos 80s (que emula,
de forma maravilhosa, aquela Nova York de igual período, mostrada em filmes de Scorsese,
Abel Ferrara e Walter Hill, suja, perigosa, fascinante), e faz do personagem
uma espécie de herói dos desvalidos, das minorias, incentivando um levante dos pobres contra ricos, do
povo contra os políticos.
Noves fora, a
obra de Todd Philipps (diretor da trilogia ‘Se beber, não case’, acredite!) é
de se aplaudir em cena aberta. A fotografia é maravilhosa, a trilha é perfeita
(também foi premiada em Veneza), a atuação de Joaquin é assombrosa e
perturbadora (será que teremos um segundo ator ganhando o Oscar fazendo um mesmo
personagem?). Robert DeNiro, também está lá, discreto, mas essencial. 'Joker' já é, sem dúvida, um dos melhores filmes do ano.
A arte pode ser provocadora. E, também, perigosa. Mas, a mente, é que é uma terrível coisa para se provar, já diz o título daquele álbum do Ministry. Pois é.
A arte pode ser provocadora. E, também, perigosa. Mas, a mente, é que é uma terrível coisa para se provar, já diz o título daquele álbum do Ministry. Pois é.
*As referencias cinematográficas de Joker, ao período anos 70;começo dos 80s (inclusive, até a logomarca da Warner usada na abertura, é a da época!):
- fotografia e takes do metrô (sujo e pichado) muito parecidas com as de 'The Warriors', de Walter Hill.
- O personagem de DeNiro, é uma versão, invertida, do que ele fez em 'O rei da comédia', de Scorsese (há cenas praticamente iguais). E, antes da transformação, o personagem de Phoenix se veste como o Travis Brickle (DeNiro), de 'Taxi driver'.
- Scorsese também está lá, com cenas de rua que parecem saídas de 'Mean streets' ou 'Taxi driver' (aquela Broadway sórdida, dos cines pornôs e clubes de strip). Mas, também, de 'O rei de Nova York', de Abel Ferrara. E, até mesmo, de 'Operação França'.
- O clímax final de 'Network/rede de intrigas', de Sidney Lumet, inspirou o de 'Joker', claramente. Até o painel de TVs atrás é igual.
- apesar de tudo, é um filme DC, e está inserido no universo Batman. Desde cenas no sanatório Arkham e menções à família Wayne (se passa antes dos fatos que levaram ao advento do Homem Morceg; e tem um momento 'Zorro'). No todo, lembra, em termos de violência e linguajar, ' A piada mortal', embora não esteja conectado a nenhuma HQ em especial. Contudo, é um Curinga similar ao criado por Denny O´Neill e Neal Adams, copiado até hj.
Vi o trailer semana passada, quando fui conferir o "Ad Astra"(filme fraquissimo por sinal, pro estilo) na IMAX aqui em SP, deu um outro "ar" conferir o mesmo naquela telona enorme!
ResponderExcluirNa expectativa mais ainda de conferir o filme, depois de ler o seu texto Tom... Neste universo DC/Homem Morcego, tô gostando demais da série "Pennyworth", que se baseia na origem do Alfred, o famoso mordomo de Bruce Wayne, em uma época onde ele era apenas um soldado britânico de 22 anos do Serviço Aéreo Especial do Reino Unido...Fica a dica, meu velho! Cya :P
ainda nao vi 'pennyworth' na fila
ResponderExcluirMesmo com todo o hype e críticas favoráveis, estava bem relutante em ver esse filme no cinema até você citar os nomes se Denny O'Neil e Neal Adams.
ResponderExcluirAcho que vou procurar uma tela grande pra ver antes que saia de circuito.
Valeu Tom.