Nos últimos dois ou três anos, temos visto nas telas, várias cinebios
com personalidades da cultura pop brasileira. A sequência, abriu com o ótimo ‘Bingo,
o rei das manhãs’ (que retratava a trajetória, do céu ao inferno, do famoso
palhaço Bozo, em atuação visceral de Vladimir Brichta), passou pela do Chacrinha
(apesar da ótima ‘encarnação’ de Stepan Nercessian, a peça musical, feita
também por ele, é melhor) e, foi caindo de ritmo com o do Erasmo Carlos (‘Minha
fama de mau’, morninho) e, mais recentemente, o do Simonal (que poderia ter
sido bem melhor). Agora, temos o filme da Hebe, ‘A estrela do Brasil’. Como ele
fica neste ranking?
Fica bem. Este, se passa num recorte
específico de tempo, o começo dos anos 80. O Brasil vive uma de suas piores
crises, e Hebe, aparece na TV, toda semana, ao vivo, trazendo um pouco de ânimo,
para alegrar as pessoas. Tinha completado 40 anos de profissão e perto de
chegar aos 60 anos de vida. Era uma mulher
forte e à frente de seu tempo. E que dava voz às minorias (levava artistas gays ao programa, e, certa vez, apresentou a transexual Roberta Close ao público, gerando controvérsia), para horror dos
carolas. Como dizia, ela também passou fome na vida e conhecia muito bem a realidade do povo brasileiro.
Vimos que, durante o período de abertura política do país, na transição
da ditadura militar para a democracia, Hebe correu o risco de perder tudo, apenas pelo direito de ser ela mesma na frente das câmeras, dizer o
que pensa (‘Não sou de direita, nem de esquerda. Sou direta’, dizia). Até porque,
divulgavam que a censura tinha acabado. Mas, não era bem assim. Ela era muito visada. Até mesmo Ulisses Guimarães quis processá-la. E só fazia o programa, se fosse ao vivo, mesmo que isso a colocasse em risco. Como
aconteceu várias vezes. A ponto de trocar de emissora. Indo da Bandeirantes (que queria gravado) para o SBT
(depois de ter passado por Tupi e Record), terminando a carreira na Rede TV!.
Entre o brilho da vida pública e a conturbada vida privada (brigas homéricas com Lélio, o ciumento marido), Hebe enfrentou
o preconceito, o machismo e a ditadura militar, com brilho e bom humor, para se
tornar das mais autênticas e queridas celebridades da TV, apesar de sempre rotulada de 'brega'. E, tudo isso,
nos é mostrado com uma interpretação arrebatadora de Andrea Beltrão. Quem diria
que a carioquíssima Beltrão, poderia fazer, com tanta propriedade, a caipirinha
de Taubaté/SP, com sotaque certo e tudo? Mas, foi lá, e fez, provando que é uma excelente atriz e aceita
desafios. Ela, é o melhor do filme, que usa muito de ficção, como alerta no letreiro final.
Só faltou, na cena final, uma ou duas linhas, para dizer as novas gerações,
que: Hebe foi quem inaugurou a TV no Brasil (foi a primeira a aparecer na TV Tupi, nos anos 50), e que morreu de câncer, em 2012, aos
83 anos, tendo trabalhado, praticamente, até o seu último dia de vida (como dizia, teve a sua carteira assinada aos 14 anos). Mas, vem aí, uma minissérie (que será exibida pela Globo, por onde nunca passou 'não iam me deixar ser quem sou', dizia) e um documentário, para preencher estas muitas lacunas que ficaram faltando. Aguardemos.
Como vou referir-me à outra loura, a ROGÉRIA...sobre sua ótima postagem, hoje, no Jornal do Brasil, intitulada "Rogéria, 'o travesti da família brasileira'...aproveito para compartilhar este novo aprendizado e, convenhamos, ,muiiiiitoi mais adequado e lógico, afinal, quem via a Rogéria, não via um homem, em hipótese alguma (nem o pênis rs) . A aparência feminina não deixava dúvida de que era , com roupars, ELA, jamais ele (só despido rs). Abraço Ato contínuo, a título de informação: https://nlucon.com/2017/03/31/professor-pasquale-diz-que-correto-e-falar-a-travesti-uso-mais-adequado-e-coerente/
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