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CHERNOBYL: ASSOMBROSA REALIDADE



Encerrou esta semana, na HBO (mas já disponível no aplicativo HBO GO), a exibição da minissérie ‘Chernobyl’, que, desde já, é uma das melhores produções do ano feitas para a TV. Produzida com o esmero habitual do canal (a concorrência ainda tem muito o que aprender com eles, neste quesito), em apenas cinco capítulos, de 60 minutos cada, ela nos dá a dimensão real (e bastante assustadora) do que foi o maior acidente com uma usina nuclear, até hoje. Pelo menos, do que ficamos sabendo.



   Isto, porque, nos agora já distantes anos 1980 (em abril de 1986), o acidente com o reator da usina nuclear russa - então ainda União Soviética, sob regime ditatorial comunista - teria passado batido. Não fosse o fato de partículas radioativas terem sido levadas pelo vento, até a Suécia. E, lá, depois de analisadas, foi dado o alarme de que algo muito perigoso tinha acontecido para os lados da então Cortina de Ferro (o regime comunista vivia seus últimos anos, ainda sob a égide da Guerra Fria). Não fosse por isso, o mundo ocidental (e o planeta, como um todo), não teria tomado conhecimento do acidente, uma mancha no orgulho soviético, em sua tecnologia.

  E, pelo que mostra a série (baseada em livros, relatos de testemunhas e documentos), a coisa foi bem pior até do que ficamos sabendo. No começo, o que seria uma manobra de segurança corriqueira (apenas controlar um incêndio na usina), acabou detonando algo maior: a explosão do reator. Causado, justamente, pelos protocolos de segurança, visto que, uma falha nestes, detectada dez anos antes em outro reator, foi ignorada em Chernobyl.



  A coprodução da HBO com a britânica Sky (daí o fato de quase todo o elenco principal ser de atores do Reino Unido), mostra, de forma semidocumental (há algumas cenas reais), o passo a passo dos erros, e o perigo pelo qual grande parte da Europa passou - sem saber -, caso as manobras para tentar conter o vazamento nuclear não tivessem dado certo. Países vizinhos, como Hungria, a atual República Checa e norte da Alemanha, estariam, até hoje, contaminados.
  No elenco, atores renomados como Jared Harris (de ‘Mad men’) e o veterano Stellan Skarsgard, encarnam personagens verídicos. O primeiro, faz Valery Legasov, um cientista que descobriu as causas do acidente; o segundo, é um político do partido, Boris Shcherbina, que foi designado a resolver a situação; enquanto que Emily Watson faz Ulana Khomyuk, uma personagem fictícia, que é um amálgama de vários cientistas envolvidos no assunto.

  A cada capítulo, somos apresentados a duras realidades: o acidente inesperado, os erros cometidos no início (ninguém estava preparado para nada parecido), a falta de segurança, a evacuação da cidade de Pripyat (criada especialmente para abrigar os trabalhadores da usina, hoje, uma cidade fantasma, intacta), as diversas manobras para conter o vazamento, a contaminação, a destruição da fauna e da flora, e as mentiras e ocultação dos fatos.



 Em retrospecto, não tivemos ideia de um terço sequer do que foi a realidade. E, como no mesmo ano, houve a explosão do ônibus espacial americano Challenger, tudo acabou sendo meio que ofuscado. Sinistro.

*ATT: no google maps, dá para ver a cidade de pripyat em detalhes, inclusive por dentro das moradas

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