Irwin Allen (1916-1991), foi um produtor/idealizador de series sci-fi clássicas da TV, como "Viagem ao fundo do mar" (1964-68), derivada de um longa, lançado por ele, em 1961; "túnel do tempo" (1966-67), "perdidos no espaço" (1965-68) e "terra de gigantes" (1968-70), nesta ordem. Depois, ainda foi um dos criadores do cinema-catástrofe, com os bem sucedidos "O destino do Poseidon" (1972) e "Inferno na torre" (1974), entre outros. Mas, é por suas séries de TV, que ele é sempre lembrado, sobretudo por "Perdidos no espaço/lost in space", a mais icônica delas.
Inspirada nas aventuras da Família Robinson suíça (por sua vez, inspirada em Robinson Crusoé), Allen levou a aventura para o espaço. Em vez de se perder no mar e viver numa ilha, esta família Robinson era formada por cientistas recrutados para uma missão de buscar um novo planeta para ser colonizado por nós. Mas, no caminho, algo dá errado (na verdade, foi sabotagem de um agente soviético infiltrado na nave Júpiter 2, o famigerado Dr. Zachary Smith) e eles acabam sem rumo no espaço. A primeira temporada (filmada em p-b) é sci-fi de fato. As aventuras são sérias e o cuidado com a produção é grande. Isso se manteve um pouco na segunda temporada. Mas, foi se modificando, aos poucos, por dois aspectos: o maligno Smith (atuação inesquecível de Jonathan Harris) se tornou a vedete do programa, com seu humor covarde/esquisito, e acabou virando o centro das atenções. E, o fato de a série estar perdendo na audiência para outra, que usava de humor camp como mola-mestra, o Batman colorido de Adam West e seus vilões caricatos, fez 'Lost in space' guinar totalmente para o humor e esquecer totalmente do sci-fi, que foi o que decretou sua derrocada, no fim das contas.
Muitos anos se passaram, até que, em 1998, um filme para cinema, retomando o aspecto original da história, fosse lançado. Dirigido por Stephen Hopkins (de "Predador 2"), e com uma produção caríssima para a época (cerca de $100 milhões de dólares), infelizmente, fracassou nas bilheterias e não se pagou. Pena, pq, além de ser fiel ao roteiro de Irwin Allen, dava um bom upgrade na família Robinson do espaço. O professor John Robinson (Guy Williams, na TV), ficou muito bem na pele de William Hurt; sua família foi bem escalada, e coube a Gary Oldman compor um vilanesco Dr. Smith. Além de um robô maior e mais complexo que o da TV (este, por sua vez, um derivado do robô Robbie, de "Planeta proibido"). De quebra, atores da série de TV, como June Lockhart (Maureen), Marta Kristen (Judy) e Angela Cartwright (Penny), fizeram pontas, na abertura do filme.
Agora, uma tentativa de reboot, se dá com uma nova série Netflix, esperada com ansiedade por velhos fãs e amantes de sci-fi, que entrou na plataforma dia 13 de abril. Embora o piloto, seja sem graça, ela melhora no desenrolar. Contudo, a série não decola de fato, em seus dez episódios (há ate alguns bons momentos, ali entre os eps 4/5). Embora existam alguns aspectos interessantes na nova trama -- desta vez, de uma base espacial, saem várias naves Júpiter para a colonização, algumas delas se encontram pelo caminho com a J2 -- e o robô seja uma espécie de alien, que se comunica de forma peculiar com Will (sua voz é sintetizada, ele mimetiza o que aprende), o restante, falha por vários motivos. Entre eles: a total falta de carisma e talento da maior parte do elenco (nenhum personagem nos é realmente simpático; mesmo Will, que sempre foi um dos destaques, é apagado). E a praga do politicamente correto, que põe John Robinson como um coadjuvante sem brilho, para que, assim, a mãe seja a dominante ('empoderamento' feminino?); a troca de Judy, por uma garota negra (adotada?), o que não seria problema, se a personagem não fosse tão inexpressiva -- e, Don, aparecerá depois, como um latino; e, o pior: a troca de sexo de Smith, agora uma mulher, feita pela musa indie Parker Posey (o personagem se chama Jessica Harris, em homenagem ao ator original; e, numa cena lá, o ator Billy Mummy, o Will original, aparece num crachá como sendo o verdadeiro Smith), completamente nula e nem um pouco ameaçadora. Ou nada engraçada (só herdou de Smith, a mentira e a covardia). Os efeitos especiais são apenas ok (o planeta alien, na vdd, é o Canadá, e eles nem disfarçam isso). E, eles não estão realmente perdidos no espaço, ate a ultima cena do ultimo capítulo. Mas, no fim, a única coisa que chama a atenção realmente, é o novo 'robô'. Vale a pena ver por ele.
Com tudo isso, acho difícil que a série vá adiante, apesar de ter algumas boas sacadas. Mas, para os fãs mais radicais, vale procurar por uma série em quadrinhos, roteirizada por Billy Mummy, que saiu nos anos 90, pela Innovation (aqui, só chegou via importação) e continuava a jornada da família Robinson do espaço, de forma cronológica, com os personagens mais velhos; já que a, série de TV, nunca encerrou apropriadamente. É especialmente interessante ver Will, na puberdade, tendo sonhos eróticos com suas irmãs, sobretudo por Penny, mais próxima a ele em idade, e que se torna uma bela mulher (Judy tinha o Don, pra qualquer emergência hormonal). Não é fácil ser adolescente no espaço sideral, e sem nada além de um robô como companhia/melhor amigo. Perigo! Perigo! =)
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Você sempre correto nos comentários. Esse negócio imposto do politicamente bcorreto pra mim acabou com o filme.
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