Conheço o (talvez) único brasileiro que esteve no lendário primeiro show dos Beatles nos USA, no Shea Stadium (nyc), em meados dos 60s, João Luiz de Albuquerque (ainda por aqui, alive & kicking, bless you, fluminense doente), na época, correspondente da revista 'Manchete'. Quando soube disso, perguntei a ele, muito curioso: 'João, como foi?' Resposta: 'Não sei, só ouvi gritos'. Johnny Boy (como o chamo) me disse que, além do palco ser longe e pequeno, com som ruim, tudo o que se ouvia eram o gritos das fãs ecoando pelo estádio e nada mais. Pura histeria. Alguns anos depois de Johnny ter me contado isso, presenciei algo muito parecido, aqui: um show do RPM num maracanãzinho super lotado de fãs histéricas. Nao se ouvia nada do que Paulo Ricardo cantava, só gritos. Só gritos!
O RPM foi a coisa mais próxima que o rock brasileiro teve de beatlemania -- que é algo bem diferente da histeria quase religiosa de fãs do Los Hermanos hoje em dia, e do Legião, ontem -- e jamais houve nada parecido depois. Eu vi (e senti), não me contaram. Estava lá no show do Maracanazinho, em posição privilegiada: entrei e sai no ônibus da banda (que quase virado pelos fãs na saida!) E não estava lá como jornalista. Motivo? Conheci o Paulo antes da fama. Na verdade, era amigo de uma de suas irmãs, a Rosane (a outra é a Cristiane). Apesar de termos morado no bairro do Flamengo na mesma época, só conheci Rosane e Paulo depois, já em SP. Na verdade, conheci Rosane em shows e depois viramos pen pals, correspondentes por carta, contando um ao outro o que rolava lá e cá (pois é, houve um tempo em que nao existia e-mail). Mas, quando fui a SP, passar um dia na casa deles, Paulo já estava em Londres (escrevia pra revista 'somtres' e pro jornal de música 'Canja', do qual quase fui correspondente carioca, não tivesse o jornal acabado, como tudo naquela época sobre musica durava pouco). Por isso, só fui conhecer Paulo de fato já como popstar, e eu como jornalista iniciante.
Talvez pelo laço de amizade familiar, mesmo quando a banda não falava com ninguem, eles sempre me recebiam ou atendiam minha ligação. Fiz, inclusive, o último release deles, na fase 'quatro coiotes' (disco que foi gravado em los angeles), quando todos estavam brigados entre si, e eu falava com uns e levava o recado pros outros. Fiz tbm o relato do ultimo show deles da fase original no Rio, apenas dois anos depois de toda a comoção no maracanazinho, num Canecão que não lotou. Título de minha matéria: 'crepúsculo voraz' (em alusão ao hit 'alvorada voraz'). O bastante pro Paulo ficar sem falar comigo um tempo. Mas disse a verdade. Nunca fiz media com banda alguma, e tinha a sorte/azar de ter amigos em quase todas as bandas relevantes dos anos 80 (por este motivo, já ficaram sem falar comigo, por minhas opiniões, Lobão, Herbert Vianna, Philippe da Plebe, meio Titãs etc). O RPM nao era mais o mesmo, nao havia como evitar. Nesse dia no Canecão, pelo menos, Paulo ganhou um brinde e tanto: Luciana Vendramini estava na plateia e virou sua namorada.
O RPM foi Beatles até no ponto de ter a sua propria gravadora, que lançou o primeiro e unico disco do Cabine C (e também do selo), 'fÓSFOROS DE oXFORD'. Era a banda da eminencia parda do rock paulistano, Ciro Pessoa -- que esteve tambem na formação inicial pré-discos dos Titãs. O LP 'radio pirata ao vivo', do RPM, é o disco de rock brasileiro que mais vendeu em todos os tempos (mais de dois milhoes de cópias!). O som da banda, para quem nao conheceu na e´poca entender, era meio parecido com o que o Muse faz hj em dia: uma cruza de rock classico, new wave/punk e progressivo (foi a primeira banda local a ter super produção ao vivo, lasers, projeções etc). E tudo isso, essa locura, aconteceu num espaço de dois, tres anos. E a banda nao conseguiu se manter e seguir em frente, como aconteceu com alguns de seus contemporaneos como PDS, Titas, Capital, Ultraje etc, justamente por ter sido o único a ter subido o mais alto no olimpo do pop (com egos inflados por drogas no processo). Provavelmente, jamais teremos e veremos nada parecido com o RPM no rock brasileiro. Eles causaram, sim, uma beatlemania tupiniquim...
*tempos depois encontrei com paulo num show aqui no rio, ele falou comigo, mas ate hoje nao vi nenhum show desse rpm reformado. Nada contra. Pretendo ver um dia.
O RPM foi a coisa mais próxima que o rock brasileiro teve de beatlemania -- que é algo bem diferente da histeria quase religiosa de fãs do Los Hermanos hoje em dia, e do Legião, ontem -- e jamais houve nada parecido depois. Eu vi (e senti), não me contaram. Estava lá no show do Maracanazinho, em posição privilegiada: entrei e sai no ônibus da banda (que quase virado pelos fãs na saida!) E não estava lá como jornalista. Motivo? Conheci o Paulo antes da fama. Na verdade, era amigo de uma de suas irmãs, a Rosane (a outra é a Cristiane). Apesar de termos morado no bairro do Flamengo na mesma época, só conheci Rosane e Paulo depois, já em SP. Na verdade, conheci Rosane em shows e depois viramos pen pals, correspondentes por carta, contando um ao outro o que rolava lá e cá (pois é, houve um tempo em que nao existia e-mail). Mas, quando fui a SP, passar um dia na casa deles, Paulo já estava em Londres (escrevia pra revista 'somtres' e pro jornal de música 'Canja', do qual quase fui correspondente carioca, não tivesse o jornal acabado, como tudo naquela época sobre musica durava pouco). Por isso, só fui conhecer Paulo de fato já como popstar, e eu como jornalista iniciante.
Talvez pelo laço de amizade familiar, mesmo quando a banda não falava com ninguem, eles sempre me recebiam ou atendiam minha ligação. Fiz, inclusive, o último release deles, na fase 'quatro coiotes' (disco que foi gravado em los angeles), quando todos estavam brigados entre si, e eu falava com uns e levava o recado pros outros. Fiz tbm o relato do ultimo show deles da fase original no Rio, apenas dois anos depois de toda a comoção no maracanazinho, num Canecão que não lotou. Título de minha matéria: 'crepúsculo voraz' (em alusão ao hit 'alvorada voraz'). O bastante pro Paulo ficar sem falar comigo um tempo. Mas disse a verdade. Nunca fiz media com banda alguma, e tinha a sorte/azar de ter amigos em quase todas as bandas relevantes dos anos 80 (por este motivo, já ficaram sem falar comigo, por minhas opiniões, Lobão, Herbert Vianna, Philippe da Plebe, meio Titãs etc). O RPM nao era mais o mesmo, nao havia como evitar. Nesse dia no Canecão, pelo menos, Paulo ganhou um brinde e tanto: Luciana Vendramini estava na plateia e virou sua namorada.
O RPM foi Beatles até no ponto de ter a sua propria gravadora, que lançou o primeiro e unico disco do Cabine C (e também do selo), 'fÓSFOROS DE oXFORD'. Era a banda da eminencia parda do rock paulistano, Ciro Pessoa -- que esteve tambem na formação inicial pré-discos dos Titãs. O LP 'radio pirata ao vivo', do RPM, é o disco de rock brasileiro que mais vendeu em todos os tempos (mais de dois milhoes de cópias!). O som da banda, para quem nao conheceu na e´poca entender, era meio parecido com o que o Muse faz hj em dia: uma cruza de rock classico, new wave/punk e progressivo (foi a primeira banda local a ter super produção ao vivo, lasers, projeções etc). E tudo isso, essa locura, aconteceu num espaço de dois, tres anos. E a banda nao conseguiu se manter e seguir em frente, como aconteceu com alguns de seus contemporaneos como PDS, Titas, Capital, Ultraje etc, justamente por ter sido o único a ter subido o mais alto no olimpo do pop (com egos inflados por drogas no processo). Provavelmente, jamais teremos e veremos nada parecido com o RPM no rock brasileiro. Eles causaram, sim, uma beatlemania tupiniquim...
*tempos depois encontrei com paulo num show aqui no rio, ele falou comigo, mas ate hoje nao vi nenhum show desse rpm reformado. Nada contra. Pretendo ver um dia.
Caramba, eu gostei e tenho o vinil do Cabine C. Acho "Tão perto" uma música muito legal. Inclusive, o Tatola, ex-Não Religião, tá tocando esse cover com sua nova banda, Nem Liminha Ouviu (tem no site da Trama)
ResponderExcluirUma vez saí no carro do Deluqui do Canecão e as fãs se jogaram em cima do carro, bateram nas janelas, cena digna da Beatlemania também.
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