Pular para o conteúdo principal

SEINFELD SOBRE RODAS



  Antes de a Netflix consolidar o seu reinado entre os serviços de streaming, houve uma plataforma chamada Crackle, que pertencia a Sony, cujo conteúdo era inteiramente gratuito. É claro que, por isso, não oferecia muita coisa. Havia lá, basicamente, uns filmes não muito conhecidos, e séries de tv clássicas, como ‘Jeannie é um genio’ e ‘A feiticeira’. Melhor do que nada. Ainda mais, de graça.



  Mas, no meio de seu curto catálogo, uma produção inédita se destacou: ‘Comedians in cars getting coffee’. Literalmente, mostrava comediantes em carros, pegando café (bem, não exatamente, mas, batendo um bom papo num certo trajeto até chegar ao café de fato, em algum restaurante de Los Angeles). O motorista é o criador/produtor da série, Jerry Seinfeld, que, depois de ficar milionário com a série que leva seu nome, foi morar no ensolarado sul da Califórnia, onde passou a colecionar carros em geral. Quando bateu o tédio, resolveu unir o útil ao agradável. E, assim, a série começou a ser feita.
   ‘Comediantes em carros...’ começou a ser exibida na plataforma Crackle (que, nos dias que correm, está sendo desativada, depois de um breve período em que passou a cobrar por parte de seu conteúdo) em 2012, onde permaneceu até 2017. Geralmente, o episódio começa com Seinfeld apresentando o carro da vez, que pode ser um moderníssimo Porsche Carrera GT ou uma velha Kombi Volkswagen, toda enferrujada. Após a breve introdução do veículo, ele pega o convidado da vez e começa o passeio até chegar ao restaurante e desenrolar a conversa e a comida.



   O primeiro convidado não podia ter sido ninguém menos do que o mentor de Jerry e co-criador de ‘Seinfeld’, Larry David (que, nos últimos dez anos, comanda uma serie própria, ‘Curb your enthusiasm’, na HBO). Jerry o recebeu a bordo de um velho Volkswagen beetle (o nosso famoso fusquinha). E, em seguida, veio o inglês Ricky Gervais (o único que já repetiu o passeio). Mas, foi no último episódio da primeira temporada que as coisas saíram um pouco do roteiro, quando convidou Michael Richards (o Kramer da TV), que fez Jerry sair da rota programada e tentar encontrar o boxeador Sugar Ray Leonard.
   Pois é, coisas assim podiam acontecer. E tornavam tudo ainda mais interessante.
  Na primeira fase da série, no Crackle, os episódios eram bem curtinhos, cerca de 15 a 20 minutos. Mas, desde que se mudou para Netflix, no ano passado a contagem das temporadas foi zerada (voltou para a primeira) e a duração dos episódios passou a ser maior, podendo chegar na casa dos 40 minutos. Alguns, chegam a ser divididos em dois episódios. Mas, dependendo do entrevistado, não chega a cansar.



   E, desde o começo, a lista de caronas de Jerry Seinfeld é impressionante (nem todos estão no catálogo Netflix). Além dos já citados, ele já passeou com Mel Brooks e Carl Reiner (juntos), Jay Leno, Sarah Silverman, David Letterman, Chris Rock, os finados Don Rickles e Jerry Lewis,  Tina Fey, Bill Maher, Jon Stewart, Jim Carrey, Julia Louis-Dreyfus, Steve Martin, Will Ferrell, Eddie Murphy num total, até agora, de 84 episódios, que incluiu até um convidado não-comediante, Barack Obama. No carro presidencial.

   Um programa mais divertido do que uma volta de Uber juntos, por exemplo...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

DANCETERIA, UMA MODA FUGAZ

POR CONTA DO POST ANTERIOR (QUE ERA SÓ SOBRE CLUBES ALTERNATIVOS QUE MARCARAM A NOITE CARIOCA), ME PERGUNTARAM SOBRE OUTRAS CASAS, QUE, NA VERDADE, ERAM DE SHOWS, DANCETERIAS. ENTAO, VAMOS LÁ, RELEMBRA-LAS. ANTES: VALE NOTAR QUE O NOME 'DANCETERIA' FOI IMPORTADO DE UMA CASA QUE TINHA ESSE NOME EM NOVA YORK, NOS ANOS 80. ALGUEM TROUXE PRA CÁ (ACHO QUE COMEÇOU POR SP) E ACABOU VIRANDO SINONIMO DE UM TIPO DE LUGAR, QUE MISTURAVA PISTA DE DANÇA COM UMA ATRAÇÃO AO VIVO NO MEIO DA NOITE. METROPOLIS = A PRIMEIRA COM ESSAS CARACTERISTICAS NO RIO FOI A METROPOLIS, EM SAO CONRADO, QUE, ASSIM COMO O CUBATÃO, TBM ABRIU NA SEMANA/MES EM QUE ACONTECIA O PRIMEIRO ROCK IN RIO, JANEIRO DE 1985. COMO O NOME INDICA, SEU LOGOTIPO E SUA DECORAÇÃO IMITAVAM O ESTILO DO CLASSICO SCI-FI DE FRITZ LANG, INCLUSIVE COM PASSARELAS NO MEIO DELA, QUE REMETIAM ÀS PONTES MOSTRADAS NO FILME. SÓ QUE TUDO COM NEON, CLARO. A METROPOLIS FOI PALCO DE MUITOS SHOWS DE BANDAS QUE NAO FAZIAM O PERFIL DO CIRCO VOADOR, PQ ...

BAYAAABAAA!

A TV ITALIANA LEMBRA A TV BRASILEIRA DOS ANOS 70, 80 UMA COISA MEIO SBT NOS PRIMÓRDIOS (TVS) OU TV CORCOVADO (PRE-CNT). É MUITO RUIM E SÓ PASSA COISAS ANTIGAS. O CURIOSO É QUE AS RADIOS LA SAO MAIS LEGAIS DO QUE AS DAQUI, MAIS VARIADAS (TEM ATE UMA VIRGIN RADIO, DE ROCK EM GERAL). MAS A TV LOCAL É DO ARCO DA VELHA. LOGO QUE CHEGO NUMA CIDADE DOU GERAL NO LINEUP DE AUDIO E VIDEO. EM ROMA, ACHEI UM CANAL DEDICADO AOS LANCES JAPAS, A NEKO TV, MAS QUE, CURIOSAMENTE, EXIBIA 'BIGFOOT & WILDBOY', SERIE TRASH DA DUPLA SID & MARTY KROFT (ELO PERDIDO), QUE ROLAVAQUI NO SBT. ATE AI, TUDO BEM. MESMO NAO SENDO JAPA, FAZIA SECULOS QUE NAO VIA AQUILO (AQUI, PÉ GRANDE E GAROTO SELVAGEM). ACONTECE QUE, PELOS PRÓXIMOS CINCO DIAS QUE PASSEI NA CIDADE, O CANAL SÓ EXIBIA O MESMÍSSIMO EPISÓDIO DA PARADA (AQUELE EM QUE APARECE UM SOSIA DO PÉ GRANDE), EM VARIOS HORARIOS! LIGAVA A TV PELA MANHÃ, TAVA LÁ. CHEGAVA DA RUA A NOITE, DE NOVO, A MESMA COISA. O GRITO DE GUERRA DO BIGFOOT, BAYAAABAA! A...

UM BELO FILME DE VINGANÇA!

  Nesta semana, chega aos cinemas brasileiros um concorrente do Oscar nas categorias principais: filme, atriz e direção, entre outras. “Bela Vingança” (“Promising Young Woman”), desde já um dos melhores e mais perturbadores filmes do ano.   Tanto o trabalho de atuação e entrega de Carey Mulligan (como a perturbada Cassandra), como a direção firme de Emerald Fennell (atriz de séries como ‘The Crown’ e ‘Killing Eve’, estreando na direção de longa, com muita competência), bem como toda a parte técnica do filme (além do bom roteiro, fotografia e som impecáveis) é irretocável. O resultado final é um dos mais formidáveis filmes de vingança já vistos. Carey Mulligan, como Cassie      Acompanhamos a tímida e frágil Cassandra, que apesar de já estar na casa dos 30 anos, ainda mora com os pais e não tem namorado (não que isso seja obrigatório, parece nos dizer a personagem, embora não os evite). E, mesmo tendo sido uma universitária com altas notas na cadeira que escolh...