Faz tempo
que uma série de TV não causava tantas reclamações como ‘Euphoria’, da HBO.
Logo em sua primeira semana (estreou em meados de junho), recebeu reclamações
por ter muitas cenas de consumo de drogas e sexo. Na semana seguinte, a
reclamação foi de que havia muita genitália masculina. Na semana passada, foi
engraçado ver fãs do cantor inglês Harry Styles reclamando de uma brincadeira
que fizeram com ele, envolvendo sexo gay. Apesar de parecer apelação barata,
tudo isso estava dentro do contexto. E, desde já, ‘Euphoria’ é uma das melhores
séries do ano.
O foco da
série é uma adolescente chamada Rue (a excelente Zendaya, que faz a namorada de
Peter Parker no novo filme do Homem-Aranha), viciada em drogas químicas desde
cedo. Quase morreu de overdose. Tenta se curar, frequenta grupos de apoio, mas
nunca consegue realmente se livrar do vício. Em torno dela, estão sua irmã,
algumas (poucas) amigas e uma grande sensação de vazio. Que, só parece ser
ocupada quando ela se droga.
Mas, longe de fazer apologia às drogas,
‘Euphoria’ (que, nos EUA, tem até uma hotline para ajudar dependentes) mostra
como é miserável a vida de um viciado, de um dependente. Não apenas em drogas. A
série também mostra como as pessoas – sobretudo os adolescentes da chamada geração
Z - estão cada vez mais dependentes da tecnologia (aplicativos de celulares)
para alcançar o sexo e outros prazeres. Tudo é fácil e descartável.
A perdida Rue
acaba encontrando numa nova amiga de escola, a bela e misteriosa Jules (Hunter
Schafer, modelo de Marc Jacobs), a amiga que procurava. Vimos depois que, Jules
é uma pessoa trans, em fase de transição, de garoto para garota. Isso não
importa. Também não importa o fato de Kat (a filha de brasileira, Barbie Ferreira, foto abaixo)
ser acima do peso. Ela aproveita o fato de que há fetiche para tudo, e se vende
na internet, como a ‘gordinha misteriosa’. São tantos personagens fascinantes
(e bons atores jovens) na série, que o estardalhaço feito por conta de suas
cenas acaba passando batido. Para quem imagina ser apenas mais uma típica série
adolescente americana, ‘Euphoria’, é bem diferente.
Aliás,
‘Euphoria’ é o primeiro drama teen da HBO em todos os tempos. O canal já nos
deu mafiosos (os Sopranos), famílias desajustadas (‘A sete palmos’), andróides
(‘Westworld’), fantasia (‘Game of thrones’), mas nunca algo só com jovens. O
criador da série (que também produz e dirige alguns episódios) Sam Levinson, se
baseou em suas próprias experiencias de adolescente (e na série israelense ‘HOT’),
para criar a trama, que tem entre seus produtores executivos o rapper canadense
Drake (uma das maiores atrações do Rock in Rio deste ano), que também fez o tema
de abertura. A trilha, aliás, tbm é ótima, mostrando uns r&bs diferentes, mais contemporâneos.
Então, tire
as suas próprias conclusões. O aviso antes da abertura de cada episódio diz que
ela não é apropriada para menores (embora estes sejam o seu foco), tem cenas de
sexo, drogas e linguagem adulta. E, quem já conhece as produções da HBO, já
está acostumado com o conteúdo de suas series. Quase sempre fortes e ousadas. É
o que faz a diferença entre a HBO e as concorrentes. Aliás, o episódio 04, foi excelente, melhor do que muita coisa que vimos atualmente nos
cinemas. Ano que vem, periga rapar todos os Emmys a que concorrer.
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