É assustador. É revoltante. É emocionante. Não se
trata de um filme de terror, mas, às vezes, parece. É um drama (real). Pode
fazer chorar, devido a seu conteúdo pesado, a injustiça. Todas estas emoções
estão no documentário ‘Palace II: três quartos com vista para o mar’, de Rafael
Machado, que estreou nos cinemas do país nesta semana.
Mais de 20 anos se passaram, e os ex-moradores do condomínio Palace II,
prédio da Barra da Tijuca (Rio de Janeiro) que desabou em 1998 (em pleno
domingo de carnaval), matando oito pessoas, ainda esperam por justiça. Ela nunca foi
feita, completamente. Alguns poucos foram ressarcidos, mas os donos dos
apartamentos do prédio que desabou, jamais foram recompensados de todo. O dono
do empreendimento, o então deputado federal Sérgio Naya (já falecido),
dono da construtora SERSAN, foi inocentado. “Os culpados de morrer são os mortos”, diz uma
ex-moradora, em depoimento que está no filme.
O documentário “Palace II - Três Quartos com Vista para o Mar” traz de
volta a história do desmoronamento do edifício, localizado na Barra da Tijuca,
que aconteceu na madrugada de 22 de fevereiro de 1998. O filme também acompanha
o desenrolar do processo legal e a luta das vítimas por justiça, que continua
até hoje. A diferença latente que há entre a justiça e as leis, fica clara
nesta produção da Viralata em coprodução com a Globo Filmes, GloboNews e Urca Filmes, com distribuição da
Pagu Pictures.
A madrugada de 22 de
fevereiro de 1998 jamais será esquecida pelos moradores e vizinhos, quando parte
do prédio Palace II desabou, deixando oito mortos e mais de 170
famílias desabrigadas. A tragédia só não foi pior porque, um dos
moradores, engenheiro da Petrobrás, percebeu que a situação era bem pior do que
parecia, e promoveu uma evacuação do prédio. As vítimas, foram quase todas de
uma mesma família, que não quis sair do apartamento, por acreditar que, uma
construção daquele porte, num bairro como a Barra da Tijuca, não ia cair assim,
sem mais, nem menos (como conta um dos moradores, que alertou a esta família pouco
antes da queda). Mas, infelizmente, caiu. E matou quem ficou.
O prédio (que fazia
parte de uma área chamada de Barravaí, com outros quatro condomínios), foi
planejado pela construtora brasileira SERSAN, empresa do então deputado federal
Sérgio Naya. Na época, inúmeras denúncias de má qualidade do material (tinha
até areia de praia!) e erros de cálculo no projeto foram relatadas. Hoje,
passados mais de 20 anos, a maior parte dos ex-moradores não recebeu a
indenização a que tem direito. Sérgio Naya não foi condenado e faleceu em 2009,
deixando milhões em dívidas e o maior processo civil da América Latina. Esta é
uma das maiores tragédias na história da engenharia civil brasileira e um
marco histórico da impunidade no país. Um país onde, a impunidade, é a regra.
Por isso, assistir
ao documentário, pode causar dor, revolta, incredulidade, raiva e outros
sentimentos (a vontade de chorar, seja de dor ou raiva, após ouvir alguns
depoimentos, é quase impossível). Os sonhos de dezenas de famílias, que apenas
queriam um lar perto da praia, que juntaram suas economias aposentadorias,
futuro, foi tudo poeira abaixo. É realmente revoltante. E, ainda acontece,
agora em prédios irregulares, levantados por milícias, na mesma Zona Oeste
carioca, vide os da Muzema.
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