Pular para o conteúdo principal

VEEP: SUPERADA PELA REALIDADE




   Quando a inigualável série ‘Seinfeld’ encerrou produção, no auge da fama (preferiram acabar por cima do que na decadência, com apenas nove temporadas, em dez anos), seus atores levaram um tempo para se livrar de seus personagens. Se, para Jerry Seinfeld em si, foi mais fácil (ficou milionário e poderia continuar fazendo stand-ups), para outros, como Michael Richards (o maluquete Kramer), Jason Alexander (o paranoico George Costanza) e Julia Louis-Dreyfus (a enrolada Elaine), foi mais complicado. Pairou sobre eles uma tal ‘maldição de Seinfeld’, já que não conseguiram emplacar nada depois do fim.


   Bem, nem todos. Um dos produtores e roteirista de ‘Seinfeld’, o genial humorista Larry David (no qual o personagem Costanza era inspirado), criou para a HBO a sensacional série ‘Curb your enthusiasm’ (‘Segure a onda’). A série, que está indo para a sua décima (e última) temporada, este ano, teve até uma espécie de ‘Seinfeld reunion’ numa delas (com todos os originais). Larry, foi o primeiro a conseguir quebrar a ‘maldição’.

 Richards, por causa dele mesmo, se meteu em enrascadas por conta de comentários racistas feitos num show de comédia solo, e foi meio que boicotado em seu meio por isso. Já Jason Alexander, se arriscou mais pelo cinema, em filmes esquecíveis. Acabou dando certo mesmo, como dublador de animações.



   Melhor sorte, teve Julia Louis-Dreyfus. Alguns anos após ‘Seinfeld’, ela emplacou numa simpática sitcom, ‘The new adventures of old Christine’ (2006-2010), que fez moderado sucesso, inclusive no Brasil. Mas, seu grande momento, ainda estava por vir, quando, em 2012, passou a encarnar a política Selina Meyer, na aclamada ‘Veep’ (HBO). É uma senadora que vira vice-presidente dos Estados Unidos, com sonho de chegar à presidência. Quebrou a tal da ‘maldição’.



   Criação de Armando Iannucci, o mesmo nome por trás do roteiro de comédias políticas para cinema como ‘A morte de Stálin’ (exibida no Brasil no ano passado) e ‘In the loop’ (que, aqui, foi direto para vídeo, e se passa na Inglaterra). ‘Veep’ traz o melhor destes dois filmes, agora com um toque americanizado.

 Quando começou a ser produzida, em 2012, ninguém esperava que, em poucos anos, a nação mais poderosa do planeta viesse a ser governada por um tipo como Donald Trump. Justamente, um personagem muito parecido com os mostrados/satirizados em ‘Veep’ (a própria Selina, é quase um Trump de saias). Aos poucos, as piadas e situações mostradas na série, foram, bizarramente, virando realidade! 



 Por isso, depois de sete vitoriosas temporadas, ‘Veep’ (cujo elenco é maravilhoso, todos muito afinados) anunciou que a atual (em exibição), será a última (não obstante, entre esta e a temporada anterior, Julia tenha se tratado de um câncer, o que adiou a estreia da nova). Uma pena. Sentiremos falta de seu humor cortante - embora a legendagem/tradução da HBO Brasil deixe MUITO a desejar, perde-se bastante.



    No fim, a realidade, acabou suplantando a ficção. Nada será mais absurdo do que o que temos acompanhado, na vida real. Aqui e acolá. Então, vamos nos despedir de Selina. E, torcer para que ela alcance a presidência. Sentiremos falta ;(


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

DANCETERIA, UMA MODA FUGAZ

POR CONTA DO POST ANTERIOR (QUE ERA SÓ SOBRE CLUBES ALTERNATIVOS QUE MARCARAM A NOITE CARIOCA), ME PERGUNTARAM SOBRE OUTRAS CASAS, QUE, NA VERDADE, ERAM DE SHOWS, DANCETERIAS. ENTAO, VAMOS LÁ, RELEMBRA-LAS. ANTES: VALE NOTAR QUE O NOME 'DANCETERIA' FOI IMPORTADO DE UMA CASA QUE TINHA ESSE NOME EM NOVA YORK, NOS ANOS 80. ALGUEM TROUXE PRA CÁ (ACHO QUE COMEÇOU POR SP) E ACABOU VIRANDO SINONIMO DE UM TIPO DE LUGAR, QUE MISTURAVA PISTA DE DANÇA COM UMA ATRAÇÃO AO VIVO NO MEIO DA NOITE. METROPOLIS = A PRIMEIRA COM ESSAS CARACTERISTICAS NO RIO FOI A METROPOLIS, EM SAO CONRADO, QUE, ASSIM COMO O CUBATÃO, TBM ABRIU NA SEMANA/MES EM QUE ACONTECIA O PRIMEIRO ROCK IN RIO, JANEIRO DE 1985. COMO O NOME INDICA, SEU LOGOTIPO E SUA DECORAÇÃO IMITAVAM O ESTILO DO CLASSICO SCI-FI DE FRITZ LANG, INCLUSIVE COM PASSARELAS NO MEIO DELA, QUE REMETIAM ÀS PONTES MOSTRADAS NO FILME. SÓ QUE TUDO COM NEON, CLARO. A METROPOLIS FOI PALCO DE MUITOS SHOWS DE BANDAS QUE NAO FAZIAM O PERFIL DO CIRCO VOADOR, PQ ...

BAYAAABAAA!

A TV ITALIANA LEMBRA A TV BRASILEIRA DOS ANOS 70, 80 UMA COISA MEIO SBT NOS PRIMÓRDIOS (TVS) OU TV CORCOVADO (PRE-CNT). É MUITO RUIM E SÓ PASSA COISAS ANTIGAS. O CURIOSO É QUE AS RADIOS LA SAO MAIS LEGAIS DO QUE AS DAQUI, MAIS VARIADAS (TEM ATE UMA VIRGIN RADIO, DE ROCK EM GERAL). MAS A TV LOCAL É DO ARCO DA VELHA. LOGO QUE CHEGO NUMA CIDADE DOU GERAL NO LINEUP DE AUDIO E VIDEO. EM ROMA, ACHEI UM CANAL DEDICADO AOS LANCES JAPAS, A NEKO TV, MAS QUE, CURIOSAMENTE, EXIBIA 'BIGFOOT & WILDBOY', SERIE TRASH DA DUPLA SID & MARTY KROFT (ELO PERDIDO), QUE ROLAVAQUI NO SBT. ATE AI, TUDO BEM. MESMO NAO SENDO JAPA, FAZIA SECULOS QUE NAO VIA AQUILO (AQUI, PÉ GRANDE E GAROTO SELVAGEM). ACONTECE QUE, PELOS PRÓXIMOS CINCO DIAS QUE PASSEI NA CIDADE, O CANAL SÓ EXIBIA O MESMÍSSIMO EPISÓDIO DA PARADA (AQUELE EM QUE APARECE UM SOSIA DO PÉ GRANDE), EM VARIOS HORARIOS! LIGAVA A TV PELA MANHÃ, TAVA LÁ. CHEGAVA DA RUA A NOITE, DE NOVO, A MESMA COISA. O GRITO DE GUERRA DO BIGFOOT, BAYAAABAA! A...

UM BELO FILME DE VINGANÇA!

  Nesta semana, chega aos cinemas brasileiros um concorrente do Oscar nas categorias principais: filme, atriz e direção, entre outras. “Bela Vingança” (“Promising Young Woman”), desde já um dos melhores e mais perturbadores filmes do ano.   Tanto o trabalho de atuação e entrega de Carey Mulligan (como a perturbada Cassandra), como a direção firme de Emerald Fennell (atriz de séries como ‘The Crown’ e ‘Killing Eve’, estreando na direção de longa, com muita competência), bem como toda a parte técnica do filme (além do bom roteiro, fotografia e som impecáveis) é irretocável. O resultado final é um dos mais formidáveis filmes de vingança já vistos. Carey Mulligan, como Cassie      Acompanhamos a tímida e frágil Cassandra, que apesar de já estar na casa dos 30 anos, ainda mora com os pais e não tem namorado (não que isso seja obrigatório, parece nos dizer a personagem, embora não os evite). E, mesmo tendo sido uma universitária com altas notas na cadeira que escolh...