O festival de Woodstock, que vai ganhar uma edição
comemorativa de 50 anos, em agosto próximo (perto do lugar onde aconteceu o
original, em Watkins Glen, NY), é sempre referência, quando se quer
comparar/lembrar de festivais de rock onde quase tudo deu errado. mas, no fim,
aconteceu. e virou lenda.
O mesmo, se
pode aplicar ao mítico festival de rock de Saquarema, que aconteceu em 1976, na
conhecida cidade praiana, na Região dos Lagos carioca. Mas, se Woodstock tinha
por detrás o poderoso grupo Warner -- que pretendia fazer um filme e lançar a
trilha sonora deste --, o festival de Saquarema nasceu meio ‘nas coxas’. Da
ideia de um doidão conhecido, Sérgio Spirito Santo, que levou o plano a Nelson Motta,
que consegui realizá-lo, sabe-se lá como.
A saga deste evento está registrada em ‘Som, sol e
surf: Saquarema’, documentário produzido com exclusividade para o canal Curta!
(NET, Claro, Oi, Vivo), que o exibirá, pela primeira vez, nESTA SEGUNDA-FEIRA, 11 de
fevereiro, às 22h30.
Trata-se de um
documento raro e imperdível, que só foi possível devido a um precioso trabalho
de restauro (os rolos de filmes estavam apodrecendo, na cinemateca do MAM, há
39 anos); que, ainda que não tenha conseguido recuperar tudo, nos dá uma mostra
do que foi o festival, do qual todos ouviram falar, mas quase ninguém viu,
porque não havia registro.
Para começar,
o line-up foi espetacular, ainda mais para a época, onde eram raros este tipo
de evento (para não dizer inexistentes): de uma ainda desconhecida Angela Ro Ro
(toda glam), passando por Raul Seixas (com Liminha, no baixo), a grupos que
sumiram na poeira, como Bixo da Seda e Flamboyant (de onde saiu o já lendário Zé
da Gaita) e as decanas Made in Brazil (ainda na ativa) e Tutti-Frutti, com Rita
Lee, parecendo uma espécie de Mick Jagger dos trópicos. Os áudios, estão ok.
Pena que o disco com a trilha sonora, planejada por
Nelsinho, não saiu (deu pau no equipamento de áudio) e, tampouco, um longa-metragem
do evento, pode ser lançado (era assim que planejavam cobrir os prejuízos com a
produção), já que este material, também se perdeu.
O que restou
(e se salvou de virar vinagre) está no documentário, que é pontilhado por
depoimentos de quem esteve envolvido na produção (de Nelson Motta a seus fiéis
assistentes Leonardo Netto e Djalma Limongi), remanescentes da plateia e
surfistas famosos (como Daniel Friedman e Ricardo Bocão) que participaram do
festival de surfe que aconteceu no mesmo final de semana (!), o que acabou por
dar um nó gigantesco na (então) pequena vila de pescadores, que não tinha
infraestrutura para receber toda aquela gente. Não havia hospedagem e comida
para todos.
Daí o clima de
caos, a la Woodstock (a cidade ficou paralisada, pela quantidade de carros) e,
até mesmo, pelo toque final, da chuva que caiu num dos dias, e transformou tudo
num lamaçal. E liberou geral. Não dava mais para cobrar ingressos, já que os
frágeis muros do campo de futebol, onde o festival aconteceu, cederam. Então,
ligaram o F. Mas, tudo transcorreu bem, sem nenhum tipo de incidente grave.
Um programa simplesmente imperdível.
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