Pular para o conteúdo principal

CINEMA NA TV OU O CONTRÁRIO?




  As fronteiras entre cinema e TV, estão se estreitando, cada vez mais. Graças, em parte, aos serviços de streaming, que estão dando vazão a um tipo de produção, que não teria vez nas TVs abertas. Ou, nos cinemas, atualmente (que preferem se garantir, cada vez mais, no 'certo', do que no artístico). Plataformas como Hulu, Amazon, Crackle e, sobretudo, Netflix (a mais popular), são a 'tv a cabo' dos novos tempos, apostando cada vez mais em séries elaboradas (como era, e ainda é, uma marca da HBO, por exemplo, o que tirou aquela pecha ruim da frase 'feito para TV') e mesmo comprando ou bancando filmes, que não tiveram/teriam boa distribuição nos cinemas. Os caminhos para um filme chegar as salas de cinema, estão cada vez mais tortuosos, por conta de mil entraves com distribuidores e outros fatores, que incluem ate os donos das redes exibidoras.



Em cerca de dois meses, Netflix, por exemplo, lançou três produções que bem poderiam ter ido (e, iriam) para os cinemas do mundo todo. Mas, acabaram lá, por diversos motivos. A primeira delas, foi o novo exemplar da série 'Cloverfield' (o terceiro), 'Paradox', que, previsto para chegar aos cinemas em fevereiro, subitamente -- através de anúncios no último Super Bowl -- estreou diretamente lá. Este filme, que na verdade se chamava 'God´s particle', foi 'transformado' num Cloverfield à força, com filmagens adicionais de última hora. O curioso é que, já há um novo Cloverfield pronto. Logo em seguida, Netflix lançou 'Mute/mudo', sci-fi distópico, de Duncan Jones (o talento por trás de filmes como 'Lunar' e 'Warcraft'), com produção esmerada, mas que não obteve boa recepção, devido a seu roteiro um tanto esquemático. Mas ambos, abriram as portas para algo muito maior.



O que aconteceu agora, com o lançamento de 'Aniquilação' (annihilation). O aguardado segundo filme de Alex Garland (mesmo diretor do aclamado sci-fi 'Ex machina'), cuja Paramount Pictures (tbm a dona dos direitos de Cloverfield) resolveu distribuir de duas formas. O filme, está há duas semanas em cartaz nos cinemas dos Estados Unidos, e estreou, na mesma época, no Netflix do Reino Unido. Agora, chega ao Brasil e vários mercados internacionais, apenas via Netflix. Será lançado apenas nos cinemas da China. Neste caso, há uma perda visual gritante, já que Garland o rodou pensando na tela grande (o visual e o som do filme são inebriantes). Ainda que passe com tarjas, para faze-lo caber na tela da TV, é notável como seria bem melhor vê-lo num cinema. Contudo, a experiência é valida, no fim das contas. Porque a trama é boa. E bastante original. Só vendo.


No caso de 'Aniquilação', vários fatores fizeram a Paramount preferir investir no Netflix: os últimos sci-fi lançados recentemente nos cinemas, não fizeram boa bilheteria (inclusive, um caríssimo, da própria Paramount, 'Ghost in the shell', flopou, apesar de baseado em famoso anime, e ter Scarlett Johansson estrelando); um teste de audiência de 'Annihilation', deu resultados negativos, quiseram mudar muita coisa. Mas, o produtor e o diretor, não toparam alterar a versão pronta. Resultado: a Paramount resolveu joga-lo no Netflix, para evitar prejuízos. Assim, o intrigante -- e um tanto complexo -- sci-fi, estrelado por Natalie Portman (e que em duas semanas nos EUA, fez apenas $25 milhões, metade de seu custo de produção), pode alcançar muito mais gente via streaming, já que, geralmente, os lançamentos Netflix ganham muito burburinho em suas primeiras semanas (muita gente vê ate o que não quer, por conta do hype nas redes), gerando boa mídia.

São os novos tempos, de um mercado que ainda está em transição. Acaba de ser anunciado, por exemplo, uma nova disputa em Cannes, que terá apenas séries feitas para a TV. Pois é.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

DANCETERIA, UMA MODA FUGAZ

POR CONTA DO POST ANTERIOR (QUE ERA SÓ SOBRE CLUBES ALTERNATIVOS QUE MARCARAM A NOITE CARIOCA), ME PERGUNTARAM SOBRE OUTRAS CASAS, QUE, NA VERDADE, ERAM DE SHOWS, DANCETERIAS. ENTAO, VAMOS LÁ, RELEMBRA-LAS. ANTES: VALE NOTAR QUE O NOME 'DANCETERIA' FOI IMPORTADO DE UMA CASA QUE TINHA ESSE NOME EM NOVA YORK, NOS ANOS 80. ALGUEM TROUXE PRA CÁ (ACHO QUE COMEÇOU POR SP) E ACABOU VIRANDO SINONIMO DE UM TIPO DE LUGAR, QUE MISTURAVA PISTA DE DANÇA COM UMA ATRAÇÃO AO VIVO NO MEIO DA NOITE. METROPOLIS = A PRIMEIRA COM ESSAS CARACTERISTICAS NO RIO FOI A METROPOLIS, EM SAO CONRADO, QUE, ASSIM COMO O CUBATÃO, TBM ABRIU NA SEMANA/MES EM QUE ACONTECIA O PRIMEIRO ROCK IN RIO, JANEIRO DE 1985. COMO O NOME INDICA, SEU LOGOTIPO E SUA DECORAÇÃO IMITAVAM O ESTILO DO CLASSICO SCI-FI DE FRITZ LANG, INCLUSIVE COM PASSARELAS NO MEIO DELA, QUE REMETIAM ÀS PONTES MOSTRADAS NO FILME. SÓ QUE TUDO COM NEON, CLARO. A METROPOLIS FOI PALCO DE MUITOS SHOWS DE BANDAS QUE NAO FAZIAM O PERFIL DO CIRCO VOADOR, PQ ...

BAYAAABAAA!

A TV ITALIANA LEMBRA A TV BRASILEIRA DOS ANOS 70, 80 UMA COISA MEIO SBT NOS PRIMÓRDIOS (TVS) OU TV CORCOVADO (PRE-CNT). É MUITO RUIM E SÓ PASSA COISAS ANTIGAS. O CURIOSO É QUE AS RADIOS LA SAO MAIS LEGAIS DO QUE AS DAQUI, MAIS VARIADAS (TEM ATE UMA VIRGIN RADIO, DE ROCK EM GERAL). MAS A TV LOCAL É DO ARCO DA VELHA. LOGO QUE CHEGO NUMA CIDADE DOU GERAL NO LINEUP DE AUDIO E VIDEO. EM ROMA, ACHEI UM CANAL DEDICADO AOS LANCES JAPAS, A NEKO TV, MAS QUE, CURIOSAMENTE, EXIBIA 'BIGFOOT & WILDBOY', SERIE TRASH DA DUPLA SID & MARTY KROFT (ELO PERDIDO), QUE ROLAVAQUI NO SBT. ATE AI, TUDO BEM. MESMO NAO SENDO JAPA, FAZIA SECULOS QUE NAO VIA AQUILO (AQUI, PÉ GRANDE E GAROTO SELVAGEM). ACONTECE QUE, PELOS PRÓXIMOS CINCO DIAS QUE PASSEI NA CIDADE, O CANAL SÓ EXIBIA O MESMÍSSIMO EPISÓDIO DA PARADA (AQUELE EM QUE APARECE UM SOSIA DO PÉ GRANDE), EM VARIOS HORARIOS! LIGAVA A TV PELA MANHÃ, TAVA LÁ. CHEGAVA DA RUA A NOITE, DE NOVO, A MESMA COISA. O GRITO DE GUERRA DO BIGFOOT, BAYAAABAA! A...

UM BELO FILME DE VINGANÇA!

  Nesta semana, chega aos cinemas brasileiros um concorrente do Oscar nas categorias principais: filme, atriz e direção, entre outras. “Bela Vingança” (“Promising Young Woman”), desde já um dos melhores e mais perturbadores filmes do ano.   Tanto o trabalho de atuação e entrega de Carey Mulligan (como a perturbada Cassandra), como a direção firme de Emerald Fennell (atriz de séries como ‘The Crown’ e ‘Killing Eve’, estreando na direção de longa, com muita competência), bem como toda a parte técnica do filme (além do bom roteiro, fotografia e som impecáveis) é irretocável. O resultado final é um dos mais formidáveis filmes de vingança já vistos. Carey Mulligan, como Cassie      Acompanhamos a tímida e frágil Cassandra, que apesar de já estar na casa dos 30 anos, ainda mora com os pais e não tem namorado (não que isso seja obrigatório, parece nos dizer a personagem, embora não os evite). E, mesmo tendo sido uma universitária com altas notas na cadeira que escolh...