Praticamente, conheço, e tenho (tinha) medo de Zé do Caixão, desde criancinha. Meu pai, via os filmes dele e me falava da figura, pra assustar (tipo, se você não fizer tal coisa, zé do caixão vem te pegar à meia-noite). Mesmo sem poder ver os filmes, morria de medo só de ouvir a música dele. Na época, virada dos 60s pros 70s, Zé do Caixão, mais do que um nome cinematográfico, já era uma espécie de lenda folclórica, bicho papão brazuca. Eu não sabia, então, que ele realmente existia como pessoa. Só nos anos 80, a partir de cartazetes de cinema nos jornais, vi que ele existia de verdade. E era um ator. O meu primeiro filme dele (que, na época, não assisti, sonhava apenas vendo o cartaz) foi 'A estranha hospedaria dos prazeres'. sim, era um terror meio erótico. depois de seus primeiros filmes em p-b, assustadores, Zé teve de se virar como pode para não sair do mercado.
Pulo no tempo e, estamos nos 90s, e uma festa de terror, na extinta Dr. Smith (Botafogo), promete apresentar Zé do Caixão em pessoa. Fui lá ver, claro. No meio do salão principal, um caixão, do qual Zé saiu em dado momento (ficou lá um tempão e saiu quando menos se esperava, dando susto na galera!). A parada foi organizada pelo maior fã e resgatador da memória de José Mojica Marins, o jornalista (e bróder) André Barcinski, que já o havia levado ao programa que fazia na Flu FM, o caixa-preta, e estava ajudando a tirar Zé do ostracismo e preservar sua memória. A partir daí, Zé teve seus filmes de volta em festivais (num deles, no Estação Botafogo, o dono da Something Weird Video, viu, gostou e passou a distribuí-los, com o nome de Coffin Joe). E, Zé, que já era figura de culto na Europa, passou a ser conhecido tbm nos EUA, sobretudo entre a galera das bandas de rock.
Até o fim, Barcinski esteve por trás dos projetos que ajudaram a manter o nome de Zé do Caixão vivo (além daquela excelente biografia, que escreveu junto com Ivan Finotti, 'Maldito'). A ultima coisa que fizeram juntos, foi um programa, exibido no Canal Brasil, por vários anos, do qual tive a chance de ver de perto. Pedi ao Barça para ir numa gravação (gravavam todos os programas do mês, de uma vez só, em dois dias, num estúdio em Botafogo; Capetinha e as meninas, eram inseridos depois, como num filme B). Só que, em vez de apenas bicão, em busca de uma foto e autógrafo com o ídolo máximo do terror brasileiro, Barcinski me fez ser entrevistado pelo próprio! E foi muito bacana! Nos intervalos, Zé ia para um canto do estúdio, fumar seu cigarrinho e beber uma cachacinha. Barça me disse que ele já estava ficando debilitado. Precisava de alguém para acompanha-lo e era totalmente dirigido no programa, ou se perdia. Afinal, era um senhor em idade avançada, já perto dos 80 anos.
Mas, a figura imponente, de capa e cartola, prevalecia, quando a câmera ligava. E, é assim que sempre vamos lembrar, com alegria e medo, do maldito Zé do Caixão. provavelmente, a única figura brasileira que, foi cultuada em vida, teve seu talento reconhecido, e foi um personagem folclórico.
Resquiascat en pace.
*link para doc do ivan cardoso, sobre zé:
https://www.youtube.com/watch?v=trh973B3IMU
Pulo no tempo e, estamos nos 90s, e uma festa de terror, na extinta Dr. Smith (Botafogo), promete apresentar Zé do Caixão em pessoa. Fui lá ver, claro. No meio do salão principal, um caixão, do qual Zé saiu em dado momento (ficou lá um tempão e saiu quando menos se esperava, dando susto na galera!). A parada foi organizada pelo maior fã e resgatador da memória de José Mojica Marins, o jornalista (e bróder) André Barcinski, que já o havia levado ao programa que fazia na Flu FM, o caixa-preta, e estava ajudando a tirar Zé do ostracismo e preservar sua memória. A partir daí, Zé teve seus filmes de volta em festivais (num deles, no Estação Botafogo, o dono da Something Weird Video, viu, gostou e passou a distribuí-los, com o nome de Coffin Joe). E, Zé, que já era figura de culto na Europa, passou a ser conhecido tbm nos EUA, sobretudo entre a galera das bandas de rock.
Até o fim, Barcinski esteve por trás dos projetos que ajudaram a manter o nome de Zé do Caixão vivo (além daquela excelente biografia, que escreveu junto com Ivan Finotti, 'Maldito'). A ultima coisa que fizeram juntos, foi um programa, exibido no Canal Brasil, por vários anos, do qual tive a chance de ver de perto. Pedi ao Barça para ir numa gravação (gravavam todos os programas do mês, de uma vez só, em dois dias, num estúdio em Botafogo; Capetinha e as meninas, eram inseridos depois, como num filme B). Só que, em vez de apenas bicão, em busca de uma foto e autógrafo com o ídolo máximo do terror brasileiro, Barcinski me fez ser entrevistado pelo próprio! E foi muito bacana! Nos intervalos, Zé ia para um canto do estúdio, fumar seu cigarrinho e beber uma cachacinha. Barça me disse que ele já estava ficando debilitado. Precisava de alguém para acompanha-lo e era totalmente dirigido no programa, ou se perdia. Afinal, era um senhor em idade avançada, já perto dos 80 anos.
Mas, a figura imponente, de capa e cartola, prevalecia, quando a câmera ligava. E, é assim que sempre vamos lembrar, com alegria e medo, do maldito Zé do Caixão. provavelmente, a única figura brasileira que, foi cultuada em vida, teve seu talento reconhecido, e foi um personagem folclórico.
Resquiascat en pace.
*link para doc do ivan cardoso, sobre zé:
https://www.youtube.com/watch?v=trh973B3IMU
Fiquei profundamente triste com a perda do Mojica. Ele foi o tema da tese que defendi no meu mestrado de cinema na França. Como estou morando em SP atualmente estive no MIS para o seu velorio. Pensei que ia ter uma multidão mas nem isso. Fiquei feliz dele ter sido velado em uma sala de cinema. O Barcinski estava la, claro. Trocamos uma ideia e mais uma vez o parabenizei pelo fantastico livro, que muito me ajudou em meu projeto. Mojica RIP.
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