Pular para o conteúdo principal

MINHA NOITE COM JELLO BIAFRA




A primeira vez em que jello biafra, dos dead kennedys -- que passou esta semana pela segunda vez no rio com sua nova banda --, veio ao brasil, nao foi para um show, mas para protestar. ele veio especialmente ao rio para acompanhar de perto a comitiva americana na eco-92, no riocentro, e protestar. contudo, ele acabou no meio de um show la no circo voador (nao me lembro de quem agora) e cantou umas duas songs do dk e se jogou na plateia, daquele seu jeito de como quem toma um choque elétrico.

dias depois, na verdade algumas noites depois, ele acabou na casa do renato russo, em ipanema. como juninho sabia q eu era fazao do dk, me deu o toque e eu apareci na area. alguem disse a jello q renato era um nome importante do punk rock e assim o encontro se deu. mas jello nao estava muito a vontade la no ape de rr, pois este estava com dois garotoes na parada e delirando demais (se nao me engano, assistindo a um vhs gringo de juventude transviada). alem de jr e os rapazes, so havia nós dois e o clima ficou meio esquisito (rs). entao, jello me pediu para leva-lo ate o apart em que estava, no leblon (talvez tenha sido hospede no ape de alguem, tbm nao lembro bem), e, como na epoca eu morava na area com ma babe, nos fomos andando pelo calçadao da praia, altas horas, ja que tambem era o meu caminho.

no trajeto, conversamos sobre a cena punk carioca e nacional, expliquei para ele as diferenças que haviam entre a daqui e a de sp, p ex, por onde ele ja tinha passado e comprado uns discos (vinil) na baratos afins -- jello andava com uma vitrolinha portatil para testar os discos que comprava, inclusive um rarisismo do modulo mil, que ele ja veio de san francisco no encalço -- ele ouviu a tudo com bastante curiosidade e, como todo gringo, se espantava com os enormes abismos sociais que existiam -- e ainda existem -- no brasil, sobretudo no rio, onde riqueza e pobreza convivem lado a lado entre as favelas e os bairros ricos da zs. ele nao entendia como os rockers daqui viviam tao bem, quando rock, basicamente, é musica de proleta, principalmente punk rock. ao fim de nossa jornada, me presenteou com uma camiseta que puxou da mochila, com um slogan pro-vinil, que, naquela epoca, meio que entrou em extinção pela acelerada popularização do compact disc.

no fim do papo/caminhada, jello achou curioso eu saber que o seu nome real era eric boucher, num tempo em que nao havia internet/google (mas eu era um garoto aplicado, rs). era um tempo em que nao havia, tambem, celular, e nao se andava com maquinas fotograficas no bolso se nao tivesse um proposito. portanto, nao ha qualquer foto de nosso encontro, nem dele na casa de renato. só nós (e agora, vcs) sabemos disso...

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

DANCETERIA, UMA MODA FUGAZ

POR CONTA DO POST ANTERIOR (QUE ERA SÓ SOBRE CLUBES ALTERNATIVOS QUE MARCARAM A NOITE CARIOCA), ME PERGUNTARAM SOBRE OUTRAS CASAS, QUE, NA VERDADE, ERAM DE SHOWS, DANCETERIAS. ENTAO, VAMOS LÁ, RELEMBRA-LAS. ANTES: VALE NOTAR QUE O NOME 'DANCETERIA' FOI IMPORTADO DE UMA CASA QUE TINHA ESSE NOME EM NOVA YORK, NOS ANOS 80. ALGUEM TROUXE PRA CÁ (ACHO QUE COMEÇOU POR SP) E ACABOU VIRANDO SINONIMO DE UM TIPO DE LUGAR, QUE MISTURAVA PISTA DE DANÇA COM UMA ATRAÇÃO AO VIVO NO MEIO DA NOITE. METROPOLIS = A PRIMEIRA COM ESSAS CARACTERISTICAS NO RIO FOI A METROPOLIS, EM SAO CONRADO, QUE, ASSIM COMO O CUBATÃO, TBM ABRIU NA SEMANA/MES EM QUE ACONTECIA O PRIMEIRO ROCK IN RIO, JANEIRO DE 1985. COMO O NOME INDICA, SEU LOGOTIPO E SUA DECORAÇÃO IMITAVAM O ESTILO DO CLASSICO SCI-FI DE FRITZ LANG, INCLUSIVE COM PASSARELAS NO MEIO DELA, QUE REMETIAM ÀS PONTES MOSTRADAS NO FILME. SÓ QUE TUDO COM NEON, CLARO. A METROPOLIS FOI PALCO DE MUITOS SHOWS DE BANDAS QUE NAO FAZIAM O PERFIL DO CIRCO VOADOR, PQ

ROCKS TARDES DE DOMINGO...

  LÁ VAMOS NÓS PARA MAIS UM PASSEIO PELA MEMORY LANE, CUJO GATILHO FOI ATIVADO POR UMA MÚSICA. ESTAVA OUVINDO O ÁLBUM DE 40 ANOS DO KISS, QUANDO ROLOU 'DO YOU LOVE ME'. NA HORA, VIERAM MONTES DE LEMBRANÇAS QUE PASSEI AO SOM DESSA MUSICA (E TBM DE ROCKN ROLL ALL NITE) NOS BAILES DE ROCK QUE ROLAVAM AOS DOMINGOS NO CLUBE DE REGATAS GUANABARA, EM BOTAFOGO, COMANDADOS PELA EQUIPE META-SOM, DO DJ ANIBAL. DE 6 AS 10PM.   EU MAL DEVIA TER 12, 13 ANOS QUANDO COMECEI A FREQUENTAR O BAILE, O PRIMEIRO A QUE FUI, SOZINHO, SÓ COM AMIGOS. E, COMO DUROS QUE ÉRAMOS, GERALMENTE ENTRÁVAMOS DE PENETRA, PULANDO GRADES E MUROS EM VOLTA DO CLUBE. DEVO TER PAGADO APENAS MEIA DUZIA DE VZS, EM, SEI LÁ, DOIS ANOS. ERAM MEADOS DOS 70S. O ROCK MANDAVA. MAS A FESTA COMEÇAVA, INVARIAVELMENTE, COM 'DANCING QUEEN', DO ABBA, QUE ERA CONSIDERADA UMA BANDA ROCK, JA QUE AINDA NAO EXISTIA A DISCO MUSIC E O CONCEITO DE POP/ROCK ERA AMPLO.   E, COMO QUALQUER BAILE DE FUNK E SOUL DA ÉPOCA (QUE ROLAVAM DO OUTR

blue velvet

Os posts aqui surgem do nada, out of the blue, como em hiperlinks da internet. e nessa de relembrar coisas aleatoriamente, apareceu num dos sites de torrents que frequento um filme chamado "little girls blue". que foi o meu primeiro porno. e, como diz a frase daquele anuncio, a gente nunca esquece do primeiro. principalmente em se tratando disso, numa epoca em que tudo poraqui era proibido. entao, no começo dos 80´s, quando o país ainda era uma ditadura, tive contato com esse filme. Sabadão, fui na casa de um bro no jardim botanico fazer chill in pra noitada. o cara tinha um telao em casa e um aparelho de vhs gigantesco com retroprojeçao (soube mais tarde q o pai dele era diretor da grobo, dai os equipamentos, que, entao, eram de ponta total, o vcr caseiro ainda nao era uma realidade). la, ele tinha uma meia duzia de fitas, todas piratas, claro, entre as quais um show (sei la, acho q era woodstock), clipes da mtv, o famoso caligula e o little girls blue. como esse era mais cu