O novo filme de Sam Mendes, ‘1917’ (que já ganhou o
Globo de Ouro de melhor filme, e concorre ao Oscar 2020 na mesma categoria, como um dos favoritos) tem
como principal chamativo o fato de ter sido filmado ‘num take só’. Ele começa
num determinado ponto - mostrando um jovem soldado, incumbido de levar uma
mensagem além das linhas inimigas - e termina quando este mesmo soldado chega
ao seu destino. De um ponto ao outro, acompanhamos toda a sua jornada, de uma
vez só, como se fossemos a câmera, teoricamente, sem takes extras.
Mas, sabemos
que não é bem assim. E que, isso, nem é novidade. O recente ‘Birdman’ (que
ganhou Oscars de melhor filme e direção, em 2015), teoricamente, também foi
rodado assim, ‘num take só’. Sem contar o pioneirismo de Alfred Hitchcock, que,
em 1948, já havia rodado ‘Festim diabólico’ (‘Rope’), da mesma forma. No caso
de Hitch, sem os recursos que os computadores nos dão hoje em dia, ele teve de
calcular exatamente quando os rolos dos filmes acabavam, para continuar a cena
sem edição. Algo bem complicado de se fazer.
O filme de Sam
Mendes dura duas horas e consiste de vários takes longos que, depois, foram
conectados digitalmente, de modo que pareça que ele não foi editado. Um
trabalho um bocado árduo, que não permite margem de erro. Tudo tem que ser
meticulosamente planejado. Segundo o diretor, o take mais longo (as filmagens levaram
65 dias) durou nove minutos. One shot. Quem cuidou dessa parte, foi o diretor
de fotografia premiado com Oscar Roger Deakins (com centenas de filmes no
currículo, entre eles o último 'Blade runner'. pelo qual levou Oscar de fotografia). Ele disse que, embora existam filmes com takes de nove minutos,
este foi mais complicado de fazer, por causa da montagem final.
O resultado
na tela é envolvente e mágico. ‘1917’ rola bem fluido, sem que a gente perceba
a sua duração. Justamente por estarmos completamente imersos na jornada do
jovem cabo, que passa o diabo ate chegar com a sua mensagem ao destinatário
(sai das trincheiras inglesas e atravessa uma cidadezinha francesa que havia
sido tomada pelos alemães, testemunhando todo o tipo de selvageria que a guerra
deixa em seu rastro). Apesar disso, a técnica não se sobrepõe à trama e aos
personagens. Um grande filme. Bom para ser visto em telão/iMax.
Grande Tom, sempre prazeroso vir aqui e conferir seu feedback, sobre as últimas na área da sétima arte.
ResponderExcluirE como de praxe, mais uma informação valiosa pelo menos pra mim, sobre este filme do Hitchcock ser também filmado nesta pegada do 1917/Birdman, este que por sinal, sempre ao lembrar dele, impossivel não vir aquela trilha sonora com a levada de bateria bem interessante, trazendo toda uma atmosfera pro filme...Enfim, amanha (24/01), não vejo a hora de ter a minha experiência na sala IMAX juntamente com a minha Digníssima aqui por Sp.
Eterna Gratidão Mestre, por mais uma, e no aguardo de você ser entrevistado pelo Thunder no canal dele o quanto antes no decorrer deste ano de 2020 ! :)