Você deixou
de ver os filmes de Woody Allen depois dos escândalos envolvendo-o e à sua
filha adotiva (agora, esposa)? Ou, deixou de ver, ler ou consumir qualquer coisa
com algum nome famoso envolvido em algum tipo de escândalo sexual nos últimos
anos? Se a resposta foi não, se prepare para ter o seu mundo abalado. Porque,
depois de assistir a ‘Deixando Neverland’ (‘Leaving Neverland’), dificilmente
você irá ver ou ouvir Michael Jackson com os mesmos olhos.
O
documentário original da HBO (dirigido pelo britânico Dan Reed, o mesmo de ‘O
caçador de pedófilos’, de 2014), que causou mal estar na plateia do último
festival de Sundance, será exibido neste fim de semana, na HBO Brasil, duas
semanas depois de sua barulhenta exibição nos EUA. Dividido em duas partes --
cada qual com duas horas de duração --, terá a primeira parte exibida no
sábado, as 20h, e a segunda, domingo, no mesmo horário. Mas, já pode ser visto,
via streaming, nos aplicativos HBO Now e HBO.Go. É um bocado cansativo ver de uma vez só, sobretudo, a segunda parte, mais arrastada. Poderia ter sido apenas um longa de duas horas e meia.
O diretor focou,
especificamente, nos relatos de duas pessoas, a partir de fins dos anos 80 e começo dos anos 90: o americano James Safechuck
(que namorou Jackson, aos 10 anos) e o australiano Wade Robson (que o namorou
com apenas sete!). Ambos, chegaram até ao ídolo como fãs mirins, por diferentes
caminhos (e consentimento dos pais). O primeiro, como morava na área de Los Angeles,
teve bastante acesso a Jackson (e vice-versa), com este indo até mesmo visitá-lo
em sua casa, e pernoitar com a família, como se fosse um parente. Afinal, quem ia desconfiar de um astro da musica? Safechuck dá
a entender que foi o primeiro namorado ‘oficial’ do astro, e com quem este
iniciou sua vida sexual. E vice-versa.
Já Wade, era uma celebridade mirim em
Melbourne, onde costumava ganhar concursos de dança vestindo-se como Michael
Jackson, fase ‘Bad’. Sua fama, chegou até aos agentes do astro, quando este
passou com a turnê ‘Bad’ pela Austrália, e Wade acabou conhecendo-o de perto. E,
depois, participando de algumas pernas da turnê, como dançarino oficial -- na
parte em que ele levava crianças da plateia ao palco. Para um menino, era um
sonho e tanto, conhecer seu ídolo e fazer parte do show. Parte da família, até mudou-se
para a Califórnia, deixando para trás o pai e um filho mais velho. A mãe, visivelmente, queria se tornar uma celebridade e fez vista grossa para o envolvimento de MJ com seu pequeno Wade.
Já adultos (na foto acima, com o diretor, em Sundance, Wade é o da esquerda), ambos
contam suas ligações com Jackson. num misto de trauma (Safechuck descreve, em
pormenores, como Michael o beijava, praticava sexo oral e se masturbava o
olhando nu) e amizade (Wade, que ainda guarda um pouco de carinho pelo
falecido, apesar de também ter experimentado coisas não adequadas para um
menino de sua idade, inclusive pornografia pesada e álcool). Não foram boas experiências. tanto que, até hoje, ambos sofrem de diferentes tipos de depressão. Por isso, resolveram tornar os seus dramas públicos.
Os relatos,
provocam no espectador um misto de espanto e repulsa, porque percebemos que,
apesar de ter lá os seus problemas (não teve uma infância normal, era um homem
preso no corpo de uma criança de 8 anos), Jackson parece ter arquitetado tudo
milimetricamente. Ele seguia um padrão, escolhia um certo tipo de menino e, depois que estes começavam a virar adolescentes, os dispensava. No fim das contas, era uma pessoa doente. O que não justifica nada. Apesar de ser um
gênio em cena, com sua voz inimitável e seus passos de dança originais. Quem é fã, não vai deixar isso interferir na idolatria.
Mas, cada um
que tire as suas próprias conclusões. Enquanto isso, a família Jackson está
processando a HBO, e o documentário, segue batendo recordes de audiência onde quer que seja exibido (ou, proibido, como no caso da Russia). Aqui, não será diferente.
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