Pular para o conteúdo principal

CORTANTE E EXCITANTE


Com a popularização, cada vez maior, de serviços de streaming, como Netflix e Amazon, fomos nos acostumando a fazer maratonas de filmes e séries (o que os gringos chamam de “binge watching”). Porque as séries estão (quase) todas lá, completas. E os filmes podem ser vistos a qualquer momento. E tome fins de semana vendo tudo de uma vez de seu programa favorito, sem ter de esperar.
É um outro jeito de consumir produção audiovisual (o streaming de música também permite visitar discografias inteiras, de quase qualquer artista). Muito diferente de como nossos avós assistiam aos seriados nos cinemas (um capítulo por semana, antes do filme principal, durante meses!), como nossas mães assistem a novelas (um capítulo por vez, todo dia). Não há mais o cliffhanger, o momento clímax, que nos deixava pendurados (daí o nome em inglês) até a próxima semana, para ver o que aconteceria com o herói - como na série do Batman da TV e outros programas da época, anos 1960, 1970.

Daí que foi “à moda antiga” que assisti, nos últimos dois meses, à série “Sharp objects”, do HBO. Confesso que há tempos não fazia isso. Com séries curtas assim, prefiro esperar acabar, juntar e ver tudo de uma vez (como fiz com “The handmaid´s tale”, recentemente). Mas foi legal criar uma rotina de novo, como nos tempos de “Sopranos” e “Six feet under”: domingo à noite, antes de dormir, assistir a um episódio por vez. Com a vantagem de que, se bater o sono antes do final, dá para deixar gravando e arrematar no dia seguinte.
No caso de “Sharp objects” (o título, “objetos cortantes”, faz referência ao hábito da protagonista de se mutilar), fez bem. A série, sombria (pelo seu tema, assassinatos de garotas) e lenta (passada numa cidadezinha quente no Sul dos Estados Unidos, onde tudo parece parado no tempo), precisa desse timing. Até para acompanharmos a investigação da repórter Camille, ex-moradora local (Amy Adams), onde a mãe dominadora (feita por Patrícia Clarkson, excelente) exerce um certo domínio sobre todos, e irmos entendendo o modo como as coisas funcionam por ali.
Ao som de Led Zeppelin (que a protagonista ouve direto, sobretudo nos primeiros episódios) e álcool (Camille está invariavelmente bêbada), vamos tentando entender quem está matando as garotas e por que. E, ficando com gosto de quero mais, ao final de cada episódio. Não dá para pular, avançar, ver tudo de uma vez (agora, já vai dar, para quem tem HBO Go). Tem de ser desfrutado com calma, como na leitura de um livro – é adaptação de romance homônimo de Gillian Flynn, de “Gone girl/garota exemplar”.
“Emburacar” em maratona, é conveniente, não vamos deixar de fazê-lo. Principalmente, quando pegamos alguma série que não vimos na época (fiz isso com “Raising hope” e “Breaking bad”, por exemplo). Mas, também, é muito legal ficar na fissura, à espera do próximo episódio. E conversar sobre, nas redes sociais.
Chato mesmo, é ter de esperar dois anos, por uma nova temporada de “Game of thrones”, que só virá em 2019. Aí, já é tortura.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

DANCETERIA, UMA MODA FUGAZ

POR CONTA DO POST ANTERIOR (QUE ERA SÓ SOBRE CLUBES ALTERNATIVOS QUE MARCARAM A NOITE CARIOCA), ME PERGUNTARAM SOBRE OUTRAS CASAS, QUE, NA VERDADE, ERAM DE SHOWS, DANCETERIAS. ENTAO, VAMOS LÁ, RELEMBRA-LAS. ANTES: VALE NOTAR QUE O NOME 'DANCETERIA' FOI IMPORTADO DE UMA CASA QUE TINHA ESSE NOME EM NOVA YORK, NOS ANOS 80. ALGUEM TROUXE PRA CÁ (ACHO QUE COMEÇOU POR SP) E ACABOU VIRANDO SINONIMO DE UM TIPO DE LUGAR, QUE MISTURAVA PISTA DE DANÇA COM UMA ATRAÇÃO AO VIVO NO MEIO DA NOITE. METROPOLIS = A PRIMEIRA COM ESSAS CARACTERISTICAS NO RIO FOI A METROPOLIS, EM SAO CONRADO, QUE, ASSIM COMO O CUBATÃO, TBM ABRIU NA SEMANA/MES EM QUE ACONTECIA O PRIMEIRO ROCK IN RIO, JANEIRO DE 1985. COMO O NOME INDICA, SEU LOGOTIPO E SUA DECORAÇÃO IMITAVAM O ESTILO DO CLASSICO SCI-FI DE FRITZ LANG, INCLUSIVE COM PASSARELAS NO MEIO DELA, QUE REMETIAM ÀS PONTES MOSTRADAS NO FILME. SÓ QUE TUDO COM NEON, CLARO. A METROPOLIS FOI PALCO DE MUITOS SHOWS DE BANDAS QUE NAO FAZIAM O PERFIL DO CIRCO VOADOR, PQ

ROCKS TARDES DE DOMINGO...

  LÁ VAMOS NÓS PARA MAIS UM PASSEIO PELA MEMORY LANE, CUJO GATILHO FOI ATIVADO POR UMA MÚSICA. ESTAVA OUVINDO O ÁLBUM DE 40 ANOS DO KISS, QUANDO ROLOU 'DO YOU LOVE ME'. NA HORA, VIERAM MONTES DE LEMBRANÇAS QUE PASSEI AO SOM DESSA MUSICA (E TBM DE ROCKN ROLL ALL NITE) NOS BAILES DE ROCK QUE ROLAVAM AOS DOMINGOS NO CLUBE DE REGATAS GUANABARA, EM BOTAFOGO, COMANDADOS PELA EQUIPE META-SOM, DO DJ ANIBAL. DE 6 AS 10PM.   EU MAL DEVIA TER 12, 13 ANOS QUANDO COMECEI A FREQUENTAR O BAILE, O PRIMEIRO A QUE FUI, SOZINHO, SÓ COM AMIGOS. E, COMO DUROS QUE ÉRAMOS, GERALMENTE ENTRÁVAMOS DE PENETRA, PULANDO GRADES E MUROS EM VOLTA DO CLUBE. DEVO TER PAGADO APENAS MEIA DUZIA DE VZS, EM, SEI LÁ, DOIS ANOS. ERAM MEADOS DOS 70S. O ROCK MANDAVA. MAS A FESTA COMEÇAVA, INVARIAVELMENTE, COM 'DANCING QUEEN', DO ABBA, QUE ERA CONSIDERADA UMA BANDA ROCK, JA QUE AINDA NAO EXISTIA A DISCO MUSIC E O CONCEITO DE POP/ROCK ERA AMPLO.   E, COMO QUALQUER BAILE DE FUNK E SOUL DA ÉPOCA (QUE ROLAVAM DO OUTR

blue velvet

Os posts aqui surgem do nada, out of the blue, como em hiperlinks da internet. e nessa de relembrar coisas aleatoriamente, apareceu num dos sites de torrents que frequento um filme chamado "little girls blue". que foi o meu primeiro porno. e, como diz a frase daquele anuncio, a gente nunca esquece do primeiro. principalmente em se tratando disso, numa epoca em que tudo poraqui era proibido. entao, no começo dos 80´s, quando o país ainda era uma ditadura, tive contato com esse filme. Sabadão, fui na casa de um bro no jardim botanico fazer chill in pra noitada. o cara tinha um telao em casa e um aparelho de vhs gigantesco com retroprojeçao (soube mais tarde q o pai dele era diretor da grobo, dai os equipamentos, que, entao, eram de ponta total, o vcr caseiro ainda nao era uma realidade). la, ele tinha uma meia duzia de fitas, todas piratas, claro, entre as quais um show (sei la, acho q era woodstock), clipes da mtv, o famoso caligula e o little girls blue. como esse era mais cu