Uma das
bandas ‘oitentistas’ mais bacanas, que poucos tomaram conhecimento (jamais teve
disco lançado oficialmente no Brasil), foi a americana Wall of Voodoo.
Capitaneada pelo genial Stanard ‘Stan’ Ridgway (um dos letristas mais
interessantes daquela geração) ela teve um breve momento de fama, quando
estourou a música “Mexican Radio” (de seu segundo álbum, “Call of The West”),
que teve boa rotação na MTV e vendeu muito. Mas, acabou sendo um caso
de one hit wonder. E, Stan e a banda, voltaram para o undergroud rapidinho. Na
verdade, depois disso, rolou um racha e, Stan, foi trilhar caminho solo,
enquanto o que restou da banda tentou manter o curso.
Não conseguiram.
Porque, a alma do Wall of Voodoo era Stan. Ele começou a banda (na verdade, era
apenas ele, sua harmônica e um monte de traquitanas eletrônicas), no fim dos
anos 70, como um projeto de seu estúdio Acme Soundtracks, criado especialmente
para fazer trilhas sonoras para terceiros (filmes, anúncios etc). Como o Acme Soundtracks
ficava perto de um clube de rock, em Hollywood - e a então chamada ‘new wave’,
estava rolando -, ele se juntou a uns amigos, vindos de diversas bandas punk
locais, e acabou transformando o Wall of Voodoo num grupo, de fato. O nome
(dado por um dos amigos, na véspera do primeiro show da banda), era uma
brincadeira com o ‘wall of sound’, de Phil Spector. Já que, Stan, à sua
maneira, também criou um tipo de som próprio, com seus instrumentos esquisitos.
O primeiro
trabalho lançado pelo WOV, foi um EP, sem nome, em 1980. Com cinco faixas (duas
delas, apenas vinhetas) previamente criadas por Stan. Tudo com cara de trilha
sonora de western-spaghetti ou filme pornô. Há uma versão sensacional para “Ring
of Fire”, de Johnny Cash (toda à base de sintetizadores e guitarra tremolo), que
usa trecho do tema do filme de espionagem “Flint Contra o Gênio do Mal” (“Our Man
Flint”, 1966) em sua base. A curta
carreira da banda (abreviada por brigas internas e muitas drogas), incluiu
participação nos importantes festivais Urgh! A Music War (1981, da Anistia
Internacional) e US Festival (1982). E, dois álbuns bacanas, com a formação
original (“Dark Continent”, 1981, com músicas dos primeiros anos) e “Call of The
West” (seu quase sucesso, 1982). Os que vieram depois, usavam o nome do WOV. Mas, não tinha mais Stan.
Este,
enveredou pelo que realmente queria fazer, desde o começo: trilhas sonoras. E,
começou muito bem, colaborando com Stewart Copeland (o baterista do Police)
para o filme “O Selvagem da Motocicleta” (péssimo nome em português para “Rumble
Fish”, 1983), de Francis Ford Coppola. Neste, Stewart aparece na foto do encarte
creditado como The Rhythmatist (o ritmista), porque toca uma batelada de coisas,
incluindo até máquina de escrever. Mas, na única faixa com vocais, “Don´t Box Me
In”, toda a verve e a voz peculiar de Stan, se destacam. As demais,
instrumentais, traziam os ruídos peculiares deste (via sintetizadores e samples)
com as criativas batidas de Stewart (toca até colher!). Deu liga.
Depois, Stan
lançou seu primeiro álbum solo, o ótimo “The Big Heat” (nome de famoso filme
noir) e seguiu fazendo trabalhos que pareciam trilhas para filmes nunca
lançados, como fazia nos tempos do Acme Soundtracks. Nenhum deles (onze, até
agora) lançados no Brasil. Mas, para cinema, além de “Rumble Fish”, fez faixas
ou scores completos para dúzias de filmes alternativos. Como “Slam Dance” (com o
popstar inglês Adam Ant, 1987), “Um Som Diferente” (“Pump Up The Volume”, 1990) e mais uma dúzia deles,
todos obscuros. Assim, Stan Ridgway, permanece como um dos maiores
talentos do som dos anos 80 que (quase) ninguém conhece ou ouviu falar.
Excelente banda. Far side of crazy uma das minhas musicas prediletas
ResponderExcluirJá tinha ouvido falar deles, mas não tinha ouvida ainda.
ResponderExcluirEstou gostando, valeu a dica!
abraços!!!
Em tempo:
Aproveitando, meu blog:
https://essaluzquenuncaseapaga.blogspot.com/