Semana passada, ‘Família Soprano’ (The Sopranos, HBO), comemorou 20 anos de lançada. Daí que o canal HBO Signature começou a exibir todas as temporadas, tipo uma inteira por dia, até este último domingo (pq, a sexta, é a maior, e foi dividida em duas, houve um hiato entre as partes). Vi vários eps inteiros ou em pedaços, dependendo da hora em que ligava a TV, e fiquei com vontade de falar mais sobre essa
maravilha, criada por David Chase.
Mas, tudo
começou da pior forma possível. Chase achava que, fazer uma versão para TV de
mafiosos, a la ‘Poderoso Chefão’, uma má ideia. E, meio a contragosto
(convencido pelo produtor Brad Grey), escreveu o piloto para a HBO, quando teve
a sacada de fazer um drama familiar com a máfia como fundo (inspirado em 'Os bons companheiros', de Scorsese), usando um chefão
que ia ao psicanalista. Imaginou que isso daria uma temporada. E, bastava.
Como sabemos, não foi o que aconteceu. Já que, apesar
de não ter sido um sucesso logo de cara (a princípio, foi algo apenas cult), não apenas o piloto foi aprovado, como
a primeira temporada, lançada em janeiro de 1999, foi bem o bastante para
continuar. Logo, se tornaria o papo da cidade, e as pessoas, nos EUA, passaram a chegar mais cedo em casa, aos domingos, para não perder um só capítulo (aqui, assinei DirecTV só para ter HBO e assistir).
Parte do sucesso, deve-se aos personagens e
escalação do elenco. O tipo principal, o mafioso Tony Soprano, era vital para
que a série tivesse sustentação. Foi interpretado de forma tão natural e
brilhante pelo falecido James Gandolfini (que vinha realmente de uma família
italiana de New Jersey), que conquistou a todos imediatamente. Chase diz que,
quando o viu nos testes, soube, na hora, que só ele poderia fazer Tony, pelo
modo como falava e andava. Depois da série, só conseguíamos vê-lo como T. Ele nasceu para o papel.
Isso é um dos grandes trunfos de ‘The Sopranos’: os atores/personagens, são muito realistas. Em parte, porque o
elenco e quase todo composto por atores ítalo-americanos, pouco conhecidos (Lorraine
Bracco, que faz a dra. Melfi, psicóloga de Tony, era das poucas que já tinha
algum background, veio de 'Goodfellas'), o que evita tipos caricatos. Aliás, parte do elenco
coadjuvante, é composto por gente que realmente já teve problemas com a lei e esteve
envolvido com a máfia de verdade. E, quem não estava, se meteu em encrencas, por levar o tipo para fora da TV.
Curiosidade: Um dos personagens principais, da gangue de Tony,
o incrível Silvio, é feito por Steven van Zandt, que é 'apenas' o guitarrista da
banda de Bruce Springsteen, o notório Little Steven! Foi escolha pessoal de Chase. A esposa de Silvio, é feita pela esposa real de Steven.
Outra coisa
bacana na série, é o senso de família, já que ‘máfia’, também tem essa conotação,
em italiano. Tony tem sérios problemas com sua mãe (que sempre o achou o filho
menos inteligente), passa a ter ataques de pânico depois que vira chefe mafioso
(daí procurar a psicóloga) e, como todo pai de família, tem problemas também
com seus filhos (sobretudo com o júnior) e com sua mulher Carmela (feita pela
espetacular Edie Falco). Ele a trai com várias mulheres (um dos negócios da
famiglia, é um club de strippers, o Bada Bing!), mas sempre volta para a única
pessoa que realmente o entende, e em quem ele realmente confia. Carmela, é seu porto seguro.
Uma obra-prima!
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