'BOYHOOD', O NOVO FILME DO RICHARD LINKLATER (DAZED & CONFUSED), É UMA EXPERIENCIA UNICA NO CINEMA MUNDIAL. AO LONGO DE 13 ANOS, O DIRETOR E UM GRUPO DE ATORES SE COMPROMETERAM A, TODO ANO, SE REUNIREM POR UM OU DOIS MESES E GRAVAREM CENAS DE UM FILME QUE ACOMPANHA UM MENINO, MASON (ELLAR COLTRANE) DA INFANCIA AO FIM DA ADOLESCENCIA, DOS 5 AOS 18 ANOS. ALÉM DE ELLAR, ESTÃO NESSA EMPREITADA, O VELHO CONHECIDO DE LINKLATER, ETHAN HAWKE (QUE ESTÁ NAQUELA TRILOGIA DE FILMES DO DIRETOR QUE ACOMPANHOU UM CASAL -- FORMADO POR JULIE DELPY -- DURANTE 19 ANOS, AMANHECER/ENTARDECER/ANOITECER), PATRICIA ARQUETTE (COMO A MÃE) E A FILHA DO DIRETOR, LORELEI, QUE SAIU-SE EXCEPCIONALMENTE BEM NA TELA.
É O MAIS PRÓXIMO DE VIDA REAL QUE JÁ VIMOS NO CINEMA. PORQUE, MESMO OS DOCUMENTARIOS, CARREGAM A VISAO E POSIÇAO DE SEU DIRETOR, PODENDO SER MANIPULADOS. AQUI, É SIMPLESMENTE, A VIDA COMO ELA É, PARA UM JOVEM BRANCO, AMERICANO, CRIADO NUMA CIDADEZINHA DO TEXAS. FORA ISSO, O QUE ELE EXPERIENCIA E SENTE É QUASE O MESMO QUE QUALQUER GAROTO DO MUNDO OCIDENTAL PERCEBERIA/VIVENCIARIA. COM A DIFERENÇA QUE, MESMO NA CRISE, A VIDA É MAIS FACIL PARA QUEM VIVE NOS EUA (E É BRANCO). EM TERMOS GERAIS, É UM TÉDIO. O COTIDIANO, O DIA A DIA, É CHATO E SEM GRAÇA. NAO É COMO VEMOS NOS FILMES E NAS NOVELAS. A MENOS QUE VOCE SEJA UM HOLLYWOOD KID OU TENHA UMA VIDA FORA DO COMUM. EM CERCA DE TRES HORAS DE FILME, NADA REALMENTE ACONTECE, ALEM DE VERMOS O PERSONAGEM CRESCER. MAS, ACONTECE DE TUDO, TODAS AS EMOÇÕES E SENSAÇÕES. REAIS.
ENTAO, PQ VALE A PENA VER? JUSTAMENTE POR ISSO. ACOMPANHAR UMA CAPSULA DO TEMPO, UMA EXPERIENCIA. TIPO: O FILME ABRE NOS ANOS 90, COM UMA CANÇÃO DO COLDPLAY, E FECHA COM UMA BELISSIMA SONG DO ARCADE FIRE, 'DEEP BLUE'. MOSTRA UMA PATRICIA ARQUETTE AINDA SUPER GATA E COM UM CORPO BEM DELINEADO, DEPOIS, APRESENTA A MESMA MULHER JÁ MEIO FORA DE FORMA, ATÉ ALCANÇAR UMA BELEZA MADURA (E DE COMO O HOMEM ENVELHECE MELHOR DO QUE A MULHER, ETHAN SOH GANHA CABELOS BRANCOS). EXIBE A DIFERENÇA GRITANTE QUE HÁ ENTRE UMA MENINA E UM MENINO. A GAROTA CRESCE E SE DESENVOLVE BEM MAIS RAPIDO QUE O MENINO. A TECNOLOGIA EM VOLTA EVOLUI DE VERDADE, NAO É FRUTO DO TRABALHO DO DESIGN PRODUCER. DOS CELULARES FLIP MOTOROLA AOS SMARTPHONES, DO PRIMEIRO X-BOX AO NINTENDO WII, DA TV DE TUBO AS DE TELAS FINAS. MAS, APESAR DE TUDO ISSO, ADOLESCER É SEMPRE IGUAL: TÉDIO, FALTA DE PERSPECTIVAS, DESILUSÕES AMOROSAS, DESCOBERTAS, INCERTEZAS.
É NISSO, SOBRETUDO, QUE 'BOYHOOD' NOS PEGA. AO DEIXAR CLARO QUE A VIDA É BELA, MAS É UM TÉDIO, QUE NADA REALMENTE ACONTECE NO COTIDIANO, E QUE A UNICA CERTEZA QUE TEMOS É QUE, UM DIA, ISSO TUDO VAI ACABAR IGUAL PARA TODOS, ESTEJA NO TEXAS, BRASIL OU NA ÁFRICA, SEJA BRANCO OU NEGRO, ATEU OU RELIGIOSO, RICO OU POBRE. ENTÃO, COMO COMENTA O PERSONAGEM NO FINAL: NAO APENAS APROVEITE A VIDA, DEIXE A VIDA TBM SE APROVEITAR DE VC UM POUCO. NAO HA NADA QUE POSSAMOS FAZER PARA CONTROLAR O IMPONDERÁVEL. E, PARA QUEM É PAI, COMO EU, A VIAGEM FICA AINDA MAIS COMPLETA (CONFESSO QUE CHOREI EM VARIAS CENAS, TANTO ME VENDO NO GAROTO, COMO VENDO O MEU FILHO NELE). PARA O ESPECTADOR EM GERAL, UM FILME COMO JAMAIS FOI FEITO, QUE JAMAIS SE VIU IGUAL. ENTÃO, APROVEITE ESSA VIAGEM INÉDITA...
Acho que é indiscutível: Boyhood é um dos filmes da década. Eu criei uma expectativa muito grande. Não vou dizer que não foi correspondida, mas a sensibilidade é a força motora do filme. O processo de direção dos personagens e a narrativa tbm são sublimes. E por fim, uma trilha sonora que tem Arcade Fire e Wilco. Como não amar? Desejo que a Patricia leve um Oscar...ela tá fenomenal. Abs!
ResponderExcluirOBS: Vim aqui ler sobre o Interestelar. Volto depois com a minha opinião. =)
No geral acho que valeu como experimento de produção ao longo dos anos, mas não vi nenhuma novidade em termos de forma fílmica ou meios de expressão. O filme é tão transparente e obvio como qualquer outro filme americano médio. No final sobra apenas a história, que é de fato sensível, bela, mas também um pouco banal. Como o leitor que comentou acima eu havia criado uma grande expectativa, de ter algum tipo de "choque" estético, que não aconteceu. Só para lembrar, Truffaut há 40 anos atrás já havia utilizado deste conceito para ilustrar (ok, em 4 filmes) diferentes períodos da vida do mesmo personagem, o pequeno Antoine de os incompreendidos. A trilha é muito boa, mas no geral acho que faltou punch.
ResponderExcluir