Pular para o conteúdo principal

SHHHH!!!


O cinema hj chegou a um tal nivel tecnico q ate cansa. Eu sempre gostei das novidades na telona, do efeito sensurround aos filmes 3D, do telao do imax a projeção digital 4k (e sinto falta por nao ter visto Ben-Hur em 70m/m, pois eu sequer era nascido qndo ele estreou). Mas, as vzs, é tanta tecnica q se esquecem do filme, sao apenas produtos sem alma, na maioria das vzs. Por isso, hj a maioria deles parece demo de computer graphics, tudo roda, gira, explode. Dai que, um filme mudo (!) e em preto e branco (!!), como 'O artista', acaba soando como o maior dos truques, justamente por oferecer uma experiencia diametralmente oposta a de um 'Avatar'.

E foi com imenso prazer q assisti a este filme ousado para os dias de hj, apesar de contar uma historia simples e ate ja vista, de certa forma, no classico 'cantando na chuva' (a transição do cinema mudo para o falado). Muita gente sequer deve ter visto um filme mudo na vida e vai ate achar isso uma bizarrice. Ano passado, revendo um Chaplin mudo no Municipal, só com o acompanhamento ao vivo da orquestra, pensei: filme p-b muita gente ainda faz, queria ver alguem ter coragem de bancar um filme mudo. O frances Michel Hazanavicius teve. E foi esperto ao fazer essa homenagem a Hollywood, co-produzida com dinheiro americano e usando nomes locais, exceto o ator principal, o frances Jean DuJardin, dos filmes do agente OSS 117 -- que, historicamente, veio antes do famoso James Bond, dai seus filmes se passarem nos anos 50 --, ambos dirigidos pelo mesmo Hazanavicius; um passado no Cairo, e outro, no Rio. O ultimo filme mudo mainstrem foi 'Silent movie' (a ultima loucura de Mel Brooks, 1976), que era colorido.

Mesmo sem som (apenas com a bela trilha de ludovic bource, que ganhou o globo de ouro por ela), 'ouvimos' e sentimos tudo o q se passa na tela (até o corte é aquele quadrado antigo, ele so nao foi rodado em rotação acelerada), esquecemos logo que se trata de um filme mudo e entramos naquele mundo paralelo, mais estranho do que se fosse um sci-fi (como assim, ja existiu um tempo em que os filmes nao 'falavam'?), ainda que parte dos efeitos do filme tenham sido feitos digitalmente, o que soa algo incongruente. Existiu. E, se o novo tem que dar lugar ao mais novo, como sempre, é bom q jamais se esqueça dos pioneiros que abriram o caminho. nao se vai ao futuro sem dar uma olhadinha para tras, parece 'dizer' o filme...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

DANCETERIA, UMA MODA FUGAZ

POR CONTA DO POST ANTERIOR (QUE ERA SÓ SOBRE CLUBES ALTERNATIVOS QUE MARCARAM A NOITE CARIOCA), ME PERGUNTARAM SOBRE OUTRAS CASAS, QUE, NA VERDADE, ERAM DE SHOWS, DANCETERIAS. ENTAO, VAMOS LÁ, RELEMBRA-LAS. ANTES: VALE NOTAR QUE O NOME 'DANCETERIA' FOI IMPORTADO DE UMA CASA QUE TINHA ESSE NOME EM NOVA YORK, NOS ANOS 80. ALGUEM TROUXE PRA CÁ (ACHO QUE COMEÇOU POR SP) E ACABOU VIRANDO SINONIMO DE UM TIPO DE LUGAR, QUE MISTURAVA PISTA DE DANÇA COM UMA ATRAÇÃO AO VIVO NO MEIO DA NOITE. METROPOLIS = A PRIMEIRA COM ESSAS CARACTERISTICAS NO RIO FOI A METROPOLIS, EM SAO CONRADO, QUE, ASSIM COMO O CUBATÃO, TBM ABRIU NA SEMANA/MES EM QUE ACONTECIA O PRIMEIRO ROCK IN RIO, JANEIRO DE 1985. COMO O NOME INDICA, SEU LOGOTIPO E SUA DECORAÇÃO IMITAVAM O ESTILO DO CLASSICO SCI-FI DE FRITZ LANG, INCLUSIVE COM PASSARELAS NO MEIO DELA, QUE REMETIAM ÀS PONTES MOSTRADAS NO FILME. SÓ QUE TUDO COM NEON, CLARO. A METROPOLIS FOI PALCO DE MUITOS SHOWS DE BANDAS QUE NAO FAZIAM O PERFIL DO CIRCO VOADOR, PQ

ROCKS TARDES DE DOMINGO...

  LÁ VAMOS NÓS PARA MAIS UM PASSEIO PELA MEMORY LANE, CUJO GATILHO FOI ATIVADO POR UMA MÚSICA. ESTAVA OUVINDO O ÁLBUM DE 40 ANOS DO KISS, QUANDO ROLOU 'DO YOU LOVE ME'. NA HORA, VIERAM MONTES DE LEMBRANÇAS QUE PASSEI AO SOM DESSA MUSICA (E TBM DE ROCKN ROLL ALL NITE) NOS BAILES DE ROCK QUE ROLAVAM AOS DOMINGOS NO CLUBE DE REGATAS GUANABARA, EM BOTAFOGO, COMANDADOS PELA EQUIPE META-SOM, DO DJ ANIBAL. DE 6 AS 10PM.   EU MAL DEVIA TER 12, 13 ANOS QUANDO COMECEI A FREQUENTAR O BAILE, O PRIMEIRO A QUE FUI, SOZINHO, SÓ COM AMIGOS. E, COMO DUROS QUE ÉRAMOS, GERALMENTE ENTRÁVAMOS DE PENETRA, PULANDO GRADES E MUROS EM VOLTA DO CLUBE. DEVO TER PAGADO APENAS MEIA DUZIA DE VZS, EM, SEI LÁ, DOIS ANOS. ERAM MEADOS DOS 70S. O ROCK MANDAVA. MAS A FESTA COMEÇAVA, INVARIAVELMENTE, COM 'DANCING QUEEN', DO ABBA, QUE ERA CONSIDERADA UMA BANDA ROCK, JA QUE AINDA NAO EXISTIA A DISCO MUSIC E O CONCEITO DE POP/ROCK ERA AMPLO.   E, COMO QUALQUER BAILE DE FUNK E SOUL DA ÉPOCA (QUE ROLAVAM DO OUTR

blue velvet

Os posts aqui surgem do nada, out of the blue, como em hiperlinks da internet. e nessa de relembrar coisas aleatoriamente, apareceu num dos sites de torrents que frequento um filme chamado "little girls blue". que foi o meu primeiro porno. e, como diz a frase daquele anuncio, a gente nunca esquece do primeiro. principalmente em se tratando disso, numa epoca em que tudo poraqui era proibido. entao, no começo dos 80´s, quando o país ainda era uma ditadura, tive contato com esse filme. Sabadão, fui na casa de um bro no jardim botanico fazer chill in pra noitada. o cara tinha um telao em casa e um aparelho de vhs gigantesco com retroprojeçao (soube mais tarde q o pai dele era diretor da grobo, dai os equipamentos, que, entao, eram de ponta total, o vcr caseiro ainda nao era uma realidade). la, ele tinha uma meia duzia de fitas, todas piratas, claro, entre as quais um show (sei la, acho q era woodstock), clipes da mtv, o famoso caligula e o little girls blue. como esse era mais cu